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Filme protagonizado por Meryl Streep narra história de pior cantora do mundo

Florence: Quem é Esta Mulher? é dirigido por Stephen Frears e também tem Hugh Grant e Simon Helberg no elenco

Publicado: 06/07/2016 às 20:40

Meryl Streep protagoniza longa-metragem baseada em carreira de socialite. Foto: Imagem Filmes/divulgação/

Meryl Streep protagoniza longa-metragem baseada em carreira de socialite. Foto: Imagem Filmes/divulgação/

Meryl Streep protagoniza longa-metragem baseada em carreira de socialite. Foto: Imagem Filmes/divulgação

Estados Unidos, outubro de 1944. Um país moralmente devastado pela segunda grande guerra. Em Nova York, quase quatro mil pessoas aguardam ansiosamente em uma das mais prestigiadas salas de espetáculos da cidade. A expectativa da plateia pode ser sentida no ar. É o grande evento da sociedade nova-iorquina do ano: a socialite Florence Foster Jenkins, que se acreditava uma soprano digna de cantar em um Carnegie Hall lotado, subiu ao palco sob os olhos de centenas de soldados retornando para casa e outros convidados ilustres, como o compositor Cole Porter e a soprano Lily Pons. Naquela noite, nasceu uma lenda. No dia seguinte, os jornais descreveriam Jenkins como a pior cantora do mundo.

A história de Florence: Quem é Essa Mulher?, novo longa de Stephen Frears, é tão absurda que só poderia ser real. A socialite é interpretada por Meryl Streep, em uma performance que, como é regra para a atriz detentora de três prêmios Oscar, a transforma e transforma todos ao seu redor. Como já havia provado em Mamma Mia! e Ricki and the Flash: De Volta Para Casa, Streep sabe cantar de verdade – e aqui, ela usa seu talento para cantar muito mal, de verdade. Hugh Grant saiu de uma quase aposentadoria para atuar ao lado de Streep como St. Clair Bayfield, marido e empresário de Jenkins, em talvez uma das atuações mais verdadeiras de sua carreira.




Quem rouba a cena, no entanto, é Simon Helberg, conhecido por seu papel na série americana The Big Bang Theory. Na pele do pianista Cosmé McMoon, ele mostra que seu timing para comédia é impecável: em uma das mais engraçadas cenas do filme – o primeiro ensaio de Jenkins – as risadas da plateia são encorajadas pelas expressões faciais de Helberg, que vão do choque ao horror e do horror ao desespero sem esforço aparente.

Assim como Florence Jenkins, Stephen Frears não é estranho à críticas negativas. O diretor teve seus altos (Philomena e A Rainha) e baixos (O Retorno de Tamara e O Dobro ou Nada), mas seu mais recente longa com certeza está na primeira categoria. Despretensioso, o filme cumpre o papel que colocou para si: divertir.

Quando Cosmé McMoon ameaça não se apresentar no Carnegie Hall com Florence, por medo de manchar sua reputação, Hugh Grant entrega o grande discurso: “Você acha que eu não tinha ambições? Eu era um bom ator, mas eu nunca seria um grande ator. Foi muito difícil admitir isso para mim mesmo, mas quando eu o fiz, eu me livrei da tirania da ambição. Eu comecei a viver! O nosso mundo não é um mundo feliz, Cosmé? Nós não nos divertimos?”, diz Bayfield. Sim, nós nos divertimos.

No entanto, é importante notar que a história de Florence Foster Jenkins foi contada de maneira muito mais séria ano passado, em Marguerite, onde a Manhattan dos anos 1940 é trocada pela Paris dos anos 1920. O longa, dirigido pelo francês Xavier Giannoli, mostra uma Jenkins delirante cuja obsessão com a sua carreira e a falta de amor de seu marido acabam lhe custando sua sanidade mental e sua vida.

“As pessoas podem dizer que eu não sei cantar”, diz Jenkins, ao final de Quem é Essa Mulher?, “mas ninguém pode dizer que eu não cantei”. De fato, ela cantou, e sua voz repercute até hoje: o músico inglês David Bowie, falecido em janeiro deste ano, era um dos seus maiores fãs.

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