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Ator que interpreta Tarzan diz que buscou instintos animais

Leia entrevista com Alexander Skarsgard, que vive o protagonista do filme A Lenda de Tarzan, em cartaz nos cinemas

 

São Paulo - Alexander Skarsgard chegou a Hollywood há 12 anos. Na época, havia poucos atores suecos em atividade naquele mercado: Max von Sydow, Peter Stormare e Stellan Skarsgard, pai de Alexander, entre eles. Hoje, prestes a completar 40 anos, ele fala até em zeitgeist ao comentar a presença sueca nos Estados Unidos: Joel Kinnaman (House of cards, Robocop); Matias Varela (Caçadores de emoção), Bill Skarsgard (um dos seus sete irmãos, no elenco da franquia Divergente) e a vencedora do Oscar Alicia Vikander (A garota dinamarquesa).

Falar em invasão sueca pode ser um tanto exagerado, mas fato é que a presença dos atores nórdicos vêm aumentando tanto em quantidade quanto em importância. Que o diga Skarsgard, que estreia agora como protagonista em um blockbuster. Trabalhou bastante seu 1,94 (ioga, pilates, musculação e uma dieta de fisioculturista). Tinha que alcançar o physique du rôle adequado para interpretar a versão 2.0 de um dos mais icônicos personagens do cinema.

Um gigante loiro, um tanto melancólico e deslocado é o personagem-título de A lenda de Tarzan, de David Yates (diretor dos quatro últimos Harry Potter), que chega hoje aos cinemas. Skarsgard encarnou um papel que pelo menos 20 atores (John Weissmuller o mais conhecido) já fizeram. Para manter o interesse para uma história tão batida, as expectativas foram revertidas.

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Esqueça o bordão "me Tarzan, you Jane", tampouco a macaca Chita. A narrativa tem início com o personagem na Inglaterra, em sua vida burguesa com a mulher Jane (Margot Robbie). Ele é John Clayton III, Lorde Greystoke, chamado para voltar ao Congo para atuar como uma espécie de adido comercial do Parlamento britânico. É convencido pelo americano George Washington Williams (Samuel L. Jackson). Quando retorna ao lugar onde nasceu e foi criado, Clayton/Tarzan se descobre numa emboscada encabeçada pelo belga Leon Rom (Christoph Waltz).

Entre flashbacks, muita ação (o 3D não se justifica, mas o ingresso salgado do IMAX vale para as cenas nas árvores, com as corridas nos cipós) e interação com animais de efeitos especiais (os gorilas são o ponto alto), A lenda de Tarzan não acrescenta muito à mitologia do personagem. Mas é uma nova maneira de vê-lo, com tudo o que a tecnologia de hoje é capaz de oferecer. Em conversa com a imprensa nesta semana, quando veio ao Brasil lançar o filme, Skarsgard afirmou ter criado um Tarzan mais humano, que está em busca de seu lugar no mundo.

* A repórter viajou a convite da Warner

ENTREVISTA // ALEXANDER SKARSGARD:


No filme, Tarzan está vivendo em Londres quando tem que voltar ao Congo, onde se reconecta com seu lado selvagem. Como você trabalhou a psicologia do personagem?

Fiquei surpreso quando reverteram a história, começando por Londres. Fiquei interessado em como trabalhar a dicotomia homem/besta. Somos educados, vivemos em grandes cidades, ficamos na fila quando vamos ao correio. Mas no fundo também somos animais, temos instintos primais. Como e quando isto se manifestaria é que me interessou, entender como seria a jornada do aristocrata britânico até o homem macaco. Queria que esta descoberta ocorresse aos poucos.

Para criar o personagem, você pegou alguma coisa do Tarzan de John Weissmuller ou Christopher Lambert?

Não. Para mim, Johnny Weissmuller é o Tarzan, e foi assim que meu pai me introduziu a ele quando criança. Fiz questão de ficar longe do material antigo, tantos livros e filmes, pois queria encontrar meu próprio Tarzan. Assisti a documentários sobre vida selvagem, principalmente com gorilas e chimpanzés. Não estava interessado no lado herói do Tarzan, alguém que não tem vulnerabilidades. Queria mostrar a ideia de alguém criado num ambiente hostil que sabia que era um outsider. Ele tentou se encaixar em Londres, mas não conseguiu. Acho que este Tarzan é sobre alguém que tenta encontrar seu lugar no mundo.

Acredita que Tarzan seja sua grande chance em Hollywood?

A maioria dos filmes que fiz foi independente, mas não é que depois de vários independentes eu tenha me graduado para fazer uma espécie de super herói num blockbuster. O que importa é o roteiro e o diretor. Fiquei tão animado em fazer O diário de uma adolescente (2015, de Marielle Heller), em que toda a equipe cabia nesta sala quanto fiquei com Tarzan, que foi o maior set que já estive. Não vejo este filme como minha chance em Hollywood. Tenho sorte em poder ter feito True blood, filmes independentes e me divertir com tudo. Quem sabe voltar para a Suécia e fazer um filme pequeno, depois entrar numa nova aventura como esta. O que deixa esse negócio interessante são os contrastes.

Origem do personagem é retratada em flashbacks

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