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Ministro da Cultura critica festas, álcool e drogas nas ocupações do Minc

"Não pode servir como pretexto para fazer festa", declarou Marcelo Calero, na primeira visita oficial ao Recife

Ministro visitou a sede da Orquestra Cidadã Meninos do Coque. Foto: Malu Cavalcanti/DP

O ministro da Cultura, Marcelo Calero, criticou a realização de eventos festivos durante protestos de ocupação dos prédios do Ministério da Cultura, conhecidos como #OcupaMinc. "Ocupação não pode servir como pretexto para fazer festa, ter consumo de bebida alcoólica, circulação de menores e droga", ele declarou, nesta sexta-feira, durante a primeira visita oficial ao Recife.

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As manifestações em várias cidades brasileiras ocupam os imóveis como forma de se opor à extinção do MinC - incorporado à pasta da Educação pelo presidente interino, Michel Temer, e recriado depois de pressão da classe artística - e ao afastamento da presidente eleita Dilma Rousseff.

O movimento Ocupa Minc PE respondeu, em nota enviada ao Viver, as declarações do ministro. "As declarações do suposto Ministro da Cultura do 'governo' golpista e ilegítimo são uma tentativa risível de desautorizar um movimento de 're-existência' que se dá com cultura, com alegria, com a participação do povo e que têm sido um polo de luta contra o golpe que a democracia no Brasil está vivendo", diz o comunicado.

"O diálogo com o movimento Ocupa Minc está acontecendo e por conta disso a maior parte das ocupações nas sedes dos Mincs se dá de maneira democrática e pacífica. Em algumas, não estamos vendo isso e é um absurdo. A sociedade brasileira não pode aceitar esse tipo de coisa", afirmou Calero, após assistir a uma apresentação da Orquestra Cidadã Meninos do Coque.

Calero também comentou polêmicas em torno da Lei Rouanet (principal linha de fomento cultural do Governo Federal), alvo de Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara dos Deputados e de procedimento investigativo do Ministério Público Federal. "Temos que lembrar que a Lei Rouanet abastece financeiramente mais de três  mil projetos no Brasil afora, como a Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque. Não podemos demonizar esse mecanismo. O ministério tem o maior interesse em manter projetos como este e não imagino deixarmos estas iniciativas sem os recursos apropriados", ressaltou. Para o ministro, as pessoas associam a aplicação dos recursos da lei de forma negativa. Ele destacou que a Lei Rouanet "apoia uma série de projetos que não aparecem tanto na mídia".

O ministro defendeu, no entanto, uma reforma da legislação. "Sem dúvida deve haver uma reformulação. O que sempre alertamos os deputados é que tememos uma criminalização da classe artística e dos projetos culturais de uma maneira geral com essa CPI, isso nos preocupa", explicou. Na passagem pelo Recife, ele conheceu o Instituto Ricardo Brennand, a oficina Brennand e o Museu do Cais do Sertão. Ele também esteve em Caruaru.

Leia a nota do Ocupa MinC PE na íntegra:

"As declarações do suposto Ministro da Cultura do 'governo' golpista e ilegítimo são uma tentativa risível de desautorizar um movimento de re-existência que se dá com cultura, com alegria, com a participação do povo, e que têm sido um polo de luta contra o golpe que a democracia no Brasil está vivendo. O suposto Ministro, a cada declaração que dá, só demonstra a sua visão empobrecida e colonizada do que seja cultura. Pra ele cultura é orquestra filarmônica e balé clássico. Nós entendemos esses como apenas alguns dos elementos de uma vasta gama atividades que conferem dignidade, auto-estima e também oportunidades para uma população desigual e diversa. Um cidadão que usa a palavra 'festa' de forma pejorativa simplesmente não pode ser o Ministro da Cultura no Brasil, e não é."

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
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