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Cinema Atriz Lou de Laâge fala sobre estupro e posição da mulher no cinema Protagonista de Agnus Dei defendeu que as mulheres tenham tanto espaço quanto os homens na vida profissional

Por: Ricardo Daehn - Correio Braziliense

Publicado em: 10/06/2016 11:21 Atualizado em:

"Quando uma mulher toma atitudes, é normal que ela o faça: não há necessidade de grandes reflexos". Foto: Giuseppe Cacace/AFP
"Quando uma mulher toma atitudes, é normal que ela o faça: não há necessidade de grandes reflexos". Foto: Giuseppe Cacace/AFP

Rio de Janeiro - No Brasil, para divulgar um dos mais recentes filmes da carreira, pelo Festival Varilux, a atriz francesa Lou de Laâge comentou sobre temas afins ao filme e ao debate nacional em torno de estupro coletivo. Ao atuar em Agnus Dei, o décimo quarto filme de Anne Fontaine (a mesma de Coco antes de Chanel), Laâge encabeçou parte de um drama real que atingiu, em fins da Segunda Guerra Mundial, Mathilde, uma médica da Cruz Vermelha que, na Polônia, tratou de freiras vítimas de estupro.

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"Concordo que seja preciso falar da violência contra as mulheres. É um tema atemporal: infelizmente, estupros sempre existiram e seguirão existindo. No caso do filme, o estupro é usado como arma, como prova de certo poder de soldados invasores", observou. No roteiro, o interesse da atriz foi despertado, ao se ultrapassar dados de violência.

"O filme se atém também ao espírito de reconstrução de quem passa por esta experiência", comentou a atriz, reconhecida por filmes como Respire, exibido ano passado no Brasil, e que foi sucesso na Semana da Crítica do Festival de Cannes .

As ações das atrizes e diretoras pela igualdade de gêneros, em Cannes, como não podia deixar de ser, foram temas para Lou de Laâge. "Acho supernormal que as mulheres tenham atitudes que queiram. Não podemos esquecer que se trate de uma luta que as mulheres vem travando há muito tempo ocupar uma posição de igualdade perante os homens", comentou.

A atriz não vê sentido no tom exagedo no tratamento desta questão."Quando uma mulher toma atitudes, é normal que ela o faça: não há necessidade de grandes reflexos. Se houver muita ação nessa exposição de atitudes, isso acaba recolocando as mulheres num posto diferenciado, num retrocesso", disse a recente vencedora do prêmio Romy Schneider, entregue a destaques do cinema francês.

O vínculo entre religião e violência física e espiritual ocupa boa parte de Agnus Dei e do assunto com a estrela de 26 anos. "Vejo a crença como algo obrigatório, mas ela pode se originar e se estender por meios que não sejam necessariamente na via da religião. Minha personagem no filme não é religiosa. Mas ela se apega à crença e ao valor de um trabalho como o que realiza, de ser uma médica", comentou Lou.

Pela dedicação exagerada ao ofício da medicina, no fim das contas, a atriz acha que tanto Mathilde quanto o grupo de freiras tenham objetivos similares. "Os caminhos são os mesmos: Mathilde se fixa na ação, enquanto as freiras operam na contemplação e se apegam à espiritualidade", simplificou. Agnus Dei tem sessões em Brasília, no Espaço Itaú de Cinema nesta sexta, às 21h35, e domingo, às 19h15; e no Liberty Mall, neste sábado, às 14h15.

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