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Relíquias de Chico Science são expostas em mostra do Abril Pro Rock

Entre os destaques do acervo estão disco de ouro, cheque e um pôster desenhado por David Bowie

Disco de ouro em congratulação às 100 mil cópias vendidas de Afrociberdelia. Foto: Simone Lourenço/Divulgação

Os 50 anos de nascimento de Francisco de Assis França (1966-1997), Chico Science, já foram celebrados com desfile no Galo da Madrugada, documentário e turnê da Nação Zumbi tocando Afrociberdelia, último disco lançado antes da  morte, que será apresentado no Clube Português em 7 de maio, com abertura de Siba. A partir desta quinta-feira (7), o mangueboy ganha tributo visual na programação da 24ª edição do Abril Pro Rock, na mostra Pôster arte design, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam).

Confira o roteiro de exposições do Divirta-se

[SAIBAMAIS] A relação de Chico com o APR é antiga. Quando ainda era realizado no extinto Circo Maluco Beleza, o festival recebeu shows de CSNZ por quatro anos consecutivos, desde a primeira edição, em 1993, na qual os garotos receberam o primeiro convite para tocar em São Paulo. Na época, a Nação se apresentou em formação embrionária, que contava com Otto na percussão. A última foi em 1996, em show com participação de Gilberto Gil.

“Quisemos fugir de uma homenagem musical a Chico, até porque já houve várias. Preferimos focar na parte estética”, conta Paulo André Pires, ex-produtor da Nação Zumbi e organizador do APR. “Tem toda uma nova geração que conhece Chico Science, mas não compreende a fundo tudo que ele representou, especialmente no exterior, porque é algo que não toca mais em rádio. Vendo esses cartazes, você tem uma noção real, lá está Chico ao lado de nomes como Nick Cave, Iggy Pop e Ministry. Uma coisa é você saber que ele teve sucesso internacional, mas ver com os próprios olhos é outra coisa”, completa.

A exposição sobre Chico Science ocupa um dos dois pisos inteiros do Mamam, na Boa Vista. Todo o material de memorabília, incluindo lambe-lambes e cartazes, vem do acervo pessoal de Paulo André: “Como produtor da banda, sempre me preocupei em guardar esse material, porque sabia que era importante”. Parte do acervo já foi exposta na mostra Ocupação Chico Science, organizada pelo Itaú Cultural e exibida apenas em São Paulo, em 2009.

Entre os destaques estão alguns itens nunca expostos ao público, como o cartaz oficial do Festival de Jazz de Montreux 1995, assinado pelo saudoso britânico David Bowie (1947-2016). No evento suíço, Chico e Nação se apresentaram em noite que teve ainda show do Timbalada e do grupo britânico de ska The Specials, forte influência de Chico ainda na época do Loustal. Estão expostos ainda o disco de ouro entregue pela Sony Music em congratulação às 100 mil cópias vendidas de Afrociberdelia, lançado em 1996, e um cheque assinado em nome da casa de shows CBGB, em Nova York, onde a Nação Zumbi tocou em 1995, na turnê From mud to chaos, e conheceu David Byrne, do Talking Heads.

Pôster de Montreux, cheque em nome do CBGB e cartazes de shows estão em exposição no Mamam. Foto: Thaik Santos/Divulgação

Fundado em 1973, o clube foi um dos primeiros locais a abraçar a cena punk e underground no final dos anos 1970. Por lá, passaram nomes como Ramones, Blondie e Television (atração do APR em 2013).

No outro piso do espaço, ocorre a quinta exposição de cartazes de shows e festivais do Brasil e do mundo, com artes de Paulo Do Amparo, Kin Noise, Ianah Maia e J. Borges. Em 2015, por exemplo, foram expostos desenhos do guitarrista Ivinho, do Ave Sangria, falecido em junho passado. Com visitação gratuita, a exposição ficará em cartaz até a terceira semana de maio. Neste ano, o Abril Pro Rock ocorre no dia 29 no Baile Perfumado (Prado) e no dia 30 no Classic Hall (Complexo de Salgadinho).

Serviço

V Mostra poster arte design

Quando: Abertura quinta (7), às 19h. Visitação de terça-feira a domingos, das 12h às 18h

Onde: Rua da Aurora, 265, Boa Vista)

Quanto: Entrada gratuita

Informações: 3355-6870

Abril Pro Rock 2016

Quando: 29 de abril (Alice Caymmi, Tiê, Filipe Catto, Graxa, Jéf, entre outros), no Baile Perfumado (Rua Carlos Gomes, 390, Prado)

Quando: 30 de abril (Malevolent Creation, Warrel Dane, Evil Invaders, entre outros, no Classic Hall

Quanto: R$ 70, R$ 35 (meia).

2 perguntas  Paulo André Pires // Curador da mostra

Qual é a importância de expor o material?

Infelizmente, o Brasil é um país que não tem memória. Chico acabou se tornando um ícone aqui no Recife, mas morreu cedo. Eu conheço gente mais nova que diz “poxa, eu só vim conhecer a música de Chico depois que ele morreu”. E tem toda uma geração que sequer sabe da importância dele, porque não toca mais em rádio. É triste. A proposta é reforçar esse legado que ele deixou, mostrando visualmente como ele foi grande.

Quais você citaria como os materiais mais raros da coleção?

Tem um cheque assinado à mão por Hilly Kristal, fundador do CBGB. Passamos lá na tour internacional From mud to chaos. Traduzimos o título do disco para que o conceito ficasse claro aos gringos. O interessante é que, a partir dessa turnê, Chico se firmou como artista ascendente nas paradas de world music, mas nós queríamos era estar nas paradas de música pop. Veja a diferença: em 1995, estávamos tocando com artistas world, como Master Musicians of Joujoka, e, em 1996, estávamos ao lado de ícones pop como Ministry, Coolio.

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