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Morre Rogério Duarte, mentor do Tropicalismo e parceiro de Caetano Veloso

O multi-artista estava internado no Hospital Santa Lúcia, em Brasília

Rogério Duarte (direita) e Caetano Veloso. Foto: Fernando Young/Divulgação

Morreu na noite de quarta-feira (13), no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, o baiano Rogério Duarte, de 77 anos. Ele era músico, desenhista, escritor, compositor e um dos mentores intelectuais do movimento tropicalista. Segundo familiares, o artista lutava contra um câncer ósseo e no figado há dois meses. O sepultamento será na cidade de Santa Inês, na Bahia, "como era desejo dele", postou o filho do artista, Diogo Duarte, no Facebook.

Rogério criou capas de LPs de Gilberto Gil, Gal Costa e Caetano Veloso na época da Tropicália. Também se tornou conhecido por ter sido mentor intelectual de Zé Celso Martinez Corrêa, Hélio Oiticica e Torquato Neto. E por sua participação no Cinema Novo - já que assinou pôsteres de filmes como Deus e o diabo na terra do Sol  (Glauber Rocha, 1964).

Pôster de Deus e o diabo na terra do Sol. Foto: Marginália 1/Reprodução

Eclético, Rogério criou também pinturas, aquarelas e xilogravuras. A exposição mais recente dele foi Marginália 1, mostra inaugurada em agosto do ano passado, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro. À época, escreveu no Facebook: "...sou um marginal porque descobri que a margem fica dentro do rio...". Já doente, Rogério não foi à vernissage.

Rogério Duarte foi um dos primeiros a ser preso e a denunciar publicamente a tortura no regime militar. A detenção dele com o irmão Ronaldo Duarte mobilizou artistas e mereceu ampla divulgação no jornal carioca Correio da Manhã, que publicou uma carta coletiva pedindo a libertação dos "Irmãos Duarte".

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Nos anos 1970, Duarte se tornou seguidor do movimento Hare Krishna, e foi iniciado com o nome de Ragunatha Das. Em um dos últimos posts no Facebook, escreveu: "Agora entendo o mistério/Desse nó que não desata/Eu preciso ser Rogério/Pra também ser Ragunatha".

Além cantar os nomes de Krishna em mantras, Rogério se dedicava ao estudo do livro clássico do hinduísmo Bhagavad-Gita, com tradução de A.C. Bhaktivedanta Prabhupada, fundador do Movimento Hare Krishna. O artista chegou a compor um álbum inspirado na obra: Canções do divino mestre foi lançado com participações de Siba, Arnaldo Antunes, Chico César, Gal Costa, Gilberto Gil e Caetano Veloso, entre outros. Uma das faixas, cantada por Tom Zé, foi intitulada Quem parte na luz, quem parte nas trevas.

Leia post de Diogo Duarte, filho de Rogério, no Facebook:

"Ontem, quarta-feira, dia 13 de Abril, às 20h50, na quinzena do crescente, durante os meses do ano em que o Sol viaja ao Norte, Rogério Duarte, Raghunatha das, fez a sua passagem rumo ao mundo espiritual. Ele lutava contra um câncer ósseo e no fígado e estava internado há quase dois meses num hospital, em Brasília, amparado por toda a família, unida ao seu lado. Pedimos a todos os queridos e eternos amigos de Rogério - Raghunatha Dasa - Duarte que meditem e orem por ele. Quando uma grande alma deixa fisicamente este mundo é sempre razão de grande tristeza, pela falta insubstituível que ela deixará, mas também razão de grande gratidão e serendidade por sua libertação. Ele continuará sendo uma imensa e intensa Luz de Amor que deixará uma saudade infinita aos que tiveram a felicidade de conviver com ele, e permanente fonte de conhecimento e inspiração para aqueles que vierem a ter acesso à sua inestimável obra. Agradecemos pelo apoio de todos nesta difícil fase para Rogério (Raghunatha) e sua família. O sepultamento será realizado em Santa Inês, conforme seu desejo. Enviaremos em breve maiores detalhes sobre esta cerimônia. Viva Rogério Raghunatha Dasa Duarte!!"

   

Ouça Geraldo Azevedo cantando a faixa A semente original

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