Paulo Szot, o barítono brasileiro que faz sucesso no Metropolitan de Nova York, mantém contato constante com o diretor Jorge Takla. "Em um dos últimos telefonemas, Paulo me contou durante meia hora suas observações sobre o professor Higgins, um interessante trabalho de análise", disse o encenador Seria uma conversa esperada entre o protagonista e o diretor do musical My Fair Lady se o espetáculo não fosse estrear apenas no dia 25 de agosto, no novo Teatro Santander - até lá, o cantor tem antes cinco apresentações operísticas em diversas cidades do mundo.
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Não se trata, porém, de ansiedade, como bem define Takla. "Desde que iniciou sua carreira, Paulo Szot não se preocupa apenas com notas musicais e encenações. Ele pesquisa a fundo a origem de seu personagem para, ao entrar no palco, apresentar uma verdade pouco vista nas encenações."
De fato, aos 46 anos, Szot notabiliza-se no universo da música clássica pela versatilidade e por conferir um toque especial às suas interpretações. Atributos tão bem definidos que o convenceram a cometer, em 2008, o que é considerado uma heresia pelos puristas da ópera: estrelar um musical. E foi com South Pacific que ele conquistou o prêmio Tony, o Oscar do teatro americano.
"Foi nessa versatilidade que pensamos ao convidar Paulo para o My fair lady", conta Stephanie Mayorkis, coordenadora dos eventos teatrais e entretenimento familiar da empresa IMM, uma das produtoras do musical. "Como se trata de um espetáculo estruturalmente clássico, sua experiência em South Pacific comprovou que ele é muito qualificado para o papel."
Audições
Com My fair lady, Paulo Szot estreia como ator de musical no Brasil, o que lhe aumenta a responsabilidade. "O papel do professor Higgins é desconhecido para mim, que só o conheço como espectador", conta ele ao Estado desde a Malásia, onde fará duas semanas de concertos. "Mas sei de sua importância, pois o tom do personagem é o que muitas vezes acaba influenciando o resto do elenco."
De fato, com Szot definido no papel principal, Stephanie e Takla promoveram audições na semana passada para escolher a melhor intérprete de Eliza, a mulher de poucos recursos sociais que será transformada em uma dama por Higgins.
"Avaliamos candidatas que variavam de 19 a 40 anos", conta Takla, que já dirigiu uma elogiada montagem nacional de My fair lady, em 2007. "Buscamos uma soprano com qualidades e que não tenha medo de 'estragar' a voz principalmente nos momentos em que Eliza canta mal."
A protagonista deverá ser anunciada ainda nesta semana e, definido o elenco, os ensaios só começarão no final deste semestre - é que, assim como Szot, Takla também tem a agenda lotada até maio, com a direção de três óperas. My fair lady vai suceder We will rock you, musical inspirado na banda Queen e que vai inaugurar o Teatro Santander no início de março.
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