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Obras artísticas nordestinas se inspiram na trajetória dos Beatles

Curta-metragem "João Heleno dos Brito", cujo mote é o assassinato de John Lennon, será exibido nesta quinta-feira, no Cinema São Luiz

Crédito: Pedro Escobar/divulgação

Cinco tiros disparados há 35 anos no coração de Nova York, nos Estados Unidos, causaram pânico e correria no comércio de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Enquanto o mundo chorava a morte do músico John Lennon, assassinado por Mark Chapman em 8 de dezembro de 1980, a notícia gerava um boato na cidade do Agreste pernambucano. Alguém entendeu mal e passou adiante a identidade da vítima como sendo João Heleno, da família dos Brito, famosos por ser formada por pistoleiros.

[SAIBAMAIS]A brutalidade, naturalmente, teria partido dos rivais, os Arapuan, e, portanto, geraria retaliação imediata. O corre-corre entrou para o anedotário popular e serviu de mote para o curta-metragem João Heleno dos Brito, de Neco Tabosa, exibido nesta quinta-feira (10), às 20h, no Cinema São Luiz (R. da Aurora, 175 - Boa Vista), dentro da programação do 17º FestCine. A entrada é franca.

Somente um exemplo dos encontros entre a cultura nordestina e a trajetória dos garotos de Liverpool, o filme imagina o episódio de violência no interior, em clima de faroeste. Para recriar a Caruaru dos anos 1980, a maior parte das gravações foram feitas nos municípios de Lagoa dos Gatos, Brejo da Madre de Deus e São Caetano. Lançado em 2014, o curta chegou a ser premiado em festival de Toulouse, na França.

Crédito: Pedro Escobar/divulgação

Além de criar como teria sido o suposto bangue bangue no Agreste, Neco Tabosa ressuscitou outro grande mal entendido. Em 1968, quando foi anunciado o disco dos Beatles conhecido como “álbum branco”, veio junto a notícia de regravação de Asa branca. A imprensa reproduziu várias vezes o boato (criado pelo apresentador Carlos Imperial para resgatar Luiz Gonzaga da fase do ostracismo) e depois foi obrigada a desmentir. Anos mais tarde, o próprio sanfoneiro reconhecia em entrevista à edição brasileira da revista Rolling Stone: “Aqui foi mentira, foi cascata bem favorável para mim. Ganhei dinheiro, ganhei programas, dei entrevistas”.

“Não sabia disso quando comecei a escrever o roteiro. Quando descobri, ‘gozei vestido’. Para o filme, gravamos uma música (Luz branca, asa interior) com a petulância de soar como o elo perdido entre Inner light e Asa branca, duas músicas que têm um ‘mixolídio’, ou seja, uma harmonia parecida com a outra”, diz Neco Tabosa.

Crédito: acervo pessoal

Hey Jude – The Beatles
Ei, jude! Não leve a mal...
Sua triste canção...faça melhor!
Se lembre...de abrir o seu coração...
Assim a sua canção...
Começa melhor...

Os Betos
Na adaptação do livro homônimo de Xico Sá, o diretor pernambucano Cláudio Assis usou a liberdade poética para aproveitar as muitas referências aos Beatles. Como o orçamento de Big jato não suportaria pagar direitos autorais para usar músicas do grupo, o roteiro traz Os Betos, banda que supostamente teria surgido primeiro e sido plagiada por Paul McCartney e companhia. O maior hit de Os Betos é Let it lie, uma paródia descarada de Let it. be. A trilha sonora é de DJ Dolores.

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