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Clássicos da literatura em versão quadrinhos são reunidos na coleção Cânone Gráfico

Em 2014, a editora Boitempo editou o primeiro e, agora, põe no mercado brasileiro o segundo livro da coleção

Imagens extraídas do Cânone: quadrinhos vivem um momento exitoso no Brasil. Editora Boitempo/Divulgação

Adaptar clássicos da literatura para outra linguagem é, desde sempre, uma constante no teatro e no cinema. Nas últimas décadas, tornou-se prática comum no universo dos quadrinhos ou, como alguns preferem, das novelas gráficas. A proliferação de artistas reconhecidos e de bons títulos tornou viável um projeto ambicioso do escritor norte-americano Russ Kick. Ele garimpou releituras já publicadas e encomendou novas HQs a mais de 130 desenhistas para lançar, em três volumes, o projeto Cânone gráfico, cujas 1600 páginas trazem versões de 190 clássicos literários. Em 2014, a Boitempo editou o primeiro e, agora, põe no mercado brasileiro o segundo livro da coleção.

[SAIBAMAIS] A publicação coincide com um bom momento na produção nacional, a julgar pela qualidade de obras como Grande sertão: veredas (Biblioteca Azul, R$ 199,90), ilustrada por Rodrigo Rosa e roteirizada por Eloar Guazzelli. O trabalho foi reconhecido como melhor adaptação para quadrinhos no prêmio HQ Mix e ficou em segundo lugar no Jabuti deste ano. Expoente do gênero, com adaptações de William Faulkner, E.E. Cummings e Eça de Queiroz no currículo, o quadrinista divulga a releitura de Vidas secas (Galera Record, R$ 49), ilustrada por ele a pedido do neto de Graciliano Ramos.

Para o roteirista, ilustrador e artista plástico, passamos por um momento especial nos quadrinhos brasileiros. “Há anos, o fato de as HQs entrarem nas compras governamentais fez surgir uma quantidade enorme de adaptações que são muito boas. Quando surgiu a demanda, não foi preciso formar ninguém. Os autores estavam prontos”, avalia Guazzelli.

Em Pernambuco, nomes como João Lin, Miguel e Laerte Silvino, cartunista do Diario, estão entre os artistas dispostos a recorrer aos clássicos para atualizar as narrativas em linguagem gráfica. Salvo exceções, como as encomendas, a escolha dos títulos a serem ilustrados está relacionada às preferências literárias dos artistas. “Machado de Assis é meu brasileiro preferido, então foi natural a opção por adaptar Conto de escola. Já I-Juca Pirama foi um livro cuja narrativa achei bacana, além de ser história com índios, de que gosto”, diz Silvino.

Gigantes

Cânone reúne adaptações de obras relevantes do século 19:

Orgulho e preconceito, de Jane Austen

Frankenstein, de Mary Shelley

Oliver Twist, de Charles Dickens

Moby Dick, de Herman Melville

Folhas da relva, de Walt Whitman

Os miseráveis, de Victor Hugo

As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain

O corvo, de Edgar Allan Poe

O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë

Anna Kariênina, de Liev Tolstói

O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde

Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski.

Assim falou Zaratrusta, de Friedrich Nietzsche

Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll

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