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FESTIVAL JANELA: Programação com conteúdo fez diferença e consolidou público

Filmes exibidos conciliavam reflexões políticas com senso de diversão

 

Com público-recorde de mais de 19 mil espectadores nesta oitava edição, o Janela Internacional do Recife consolidou-se ainda mais como um dos principais festivais de cinema do país. Nenhum outro evento nacional reúne ao mesmo tempo curtas brasileiros, curtas estrangeiros, clássicos e longas-metragens inéditos, além de uma série de atividades especiais com forte teor político e um palácio com potência catártica: o Cinema São Luiz.

A maior novidade deste ano foi o Cinema do Museu, que permitiu a realização de um número maior de sessões, descentralizou ainda mais a programação e ajudou a distribuir melhor as plateias (apesar de haver menos de 15 espectadores em exibições de filmes importantes como o carioca O espelho e o espanhol Dead slow ahead).

Outro fator que chamou atenção foi a quantidade de longas-metragens pernambucanos, seis no total (isso porque outros ficaram de fora). É animador constatar que dois deles, A seita e Boi neon, foram os filmes que levaram os maiores públicos ao festival e deixaram o Cinema São Luiz, com capacidade para 992 pessoas, completamente lotado.

Além de proporcionar entretenimeno, os filmes exibidos expressavam reflexões sobre temas atuais, como a importância da vivência das ruas nos grandes centros urbanos e as transformações das práticas ancestrais na cidade e no campo. No São Luiz, clássicos de mestres como Chaplin e Hitchcock reafirmaram seu poder sobre a plateia, enquanto outros filmes antigos não tão consagrados demonstraram que podem provocar impacto semelhante, como O homem de palha e Inverno de sangue em Veneza.

PREMIADOS
Melhor longa-metragem: Futuro Junho, de Maria Augusta Ramos
Melhor curta brasileiro: Lembranças de Mayo, de Flávio Von Sperling
Melhor curta estrangeiro: Caravan (Austrália), de Keiran Watson-Bonnice

Clique aqui para ver a lista completa de premiados

FILMES QUE LOTARAM O CINEMA SÃO LUIZ
Boi neon, de Gabriel Mascaro (Pernambuco)
A seita, de André Antonio (Pernambuco)
Jackie Brown, de Quentin Tarantino (EUA)

CINEMAS DO CENTRO
As ruas foram um dos temas do Janela este ano. Além de reunir filmes ambientados em ambientes urbanos abertos, o festival homenageou os antigos cinemas do Recife e de Olinda, que projetavam filmes e também levavam vida para as ruas das duas cidades. No início das sessões, o festival exibia imagens de extintas salas de projeção, como o Veneza, o Moderno, o Art Palácio e o Bajado, resgatadas do acervo fotográfico do Diario de Pernambuco. No último sábado, foi promovido um passeio pelos locais onde funcionavam os antigos cines do Centro. Tudo isso serviu também como um alerta para as situações enfrentadas pelos cinemas do Parque e Apolo, administrados pela prefeitura de forma precária. O Janela aderiu oficialmente ao movimento nacional CineRua e trouxe suas discussões para o contexto do Recife e do interior de Pernambuco.

CONTRA O MACHISMO
Na noite de abertura, antes da projeção de Boi neon, um grupo de mulheres fez um protesto contra o machismo na produção audiovisual de Pernambuco. Na quarta, foi realizado ainda um debate sobre o tema no auditório do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam).


LEMBRANCINHAS
No Salão Nobre do São Luiz havia um estande da feira cultural Independente Disso, que vendia camisetas, gravuras, livros, fanzines, ímãs de geladeira (com placas comerciais icônicas das ruas do Recife) e outros tipos de produtos confeccionados por artistas. Um item que fez bastante sucesso foi a bolsa do Festival Janela estampada com figuras de tubarões, vendida na banca de informações na entrada do cinema.

MENOS FILAS
Alguns espectadores deixaram de ver filmes porque ficaram com medo de sair de casa e não conseguir ingressos, mas essa preocupação, na prática, mostrou-se infundada: os ingressos esgotaram-se em apenas três das 113 sessões da programação. Como nos últimos anos, uma fila enorme foi formada e permaneceu por mais de seis horas em frente ao São Luiz, mas apenas no dia anterior ao início do festival. Um dos motivos que provocaram o problema foi a ausência de mais atendentes na bilheteria, já que havia apenas um guichê para todo o público. Este ano, pelo menos, pela primeira vez, ingressos antecipados foram vendidos pela internet (apenas para quem tem cartão de crédito).

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