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Narcos: cinco curiosidades da série de José Padilha sobre cartel de Pablo Escobar

O Viver viu os três primeiros episódios da atração do Netflix, que estreia no dia 28, com Wagner Moura

Desde o documentário Os carvoeiros, de 2000, José Padilha elegeu o cinema como forma de expressar indignação. Em quinze anos, o cineasta, roteirista e produtor carioca realizou títulos como Ônibus 174 (2002), Tropa de elite (2007) e Segredos da tribo (2010) - nos quais expõe corrupção, conflito antropológico, fome, miséria. Desde que mudou com a família para nobre bairro de Los Angeles, depois de Tropa de elite 2 (2010), o inimigo é outro. Entre Robocop (2014) e um dos curtas de Rio, eu te amo (2014), Padilha emplacou no Netflix um projeto "indignado" com os Estados Unidos: Narcos.

Confira entrevista com Wagner Moura sobre Narcos

Os dez episódios falados em espanhol e inglês, que entrarão em streaming na sexta-feira dia 28, apontam como Miami foi porta de entrada de toneladas de cocaína nos anos 1980, sob as barbas do departamento antidrogas, o DEA. O foco dos três primeiros episódios, já vistos pelo Viver, é Pablo Emílio Escobar Gaviria (1949 - 1993). Visionário, terrorista, assassino, amado, odiado, mítico. Aos 28 anos, Don Pablo comandava a quadrilha que processava e exportava 80% da cocaína consumida no mundo, e ostentava fortuna de US$ 3 bilhões. Uma criatura tão controversa quanto os protagonistas que a televisão atual ama odiar.

"Esta série não é sobre o policial norte-americano que salva um país do terceiro mundo dos bandidos malvados. É como em Game of Thrones e Breaking Bad. Um dia você acha aquele personagem horrendo e no outro você se apaixona por ele", garantiu o brasileiro a jornalistas de Los Angeles. Os dois primeiros episódios são dirigidos por Padilha e carregam sua assinatura de cabo a rabo: narrador, câmera na mão, takes fechados, armas em primeiro plano, fatos costurados no roteiro, a pegada documental.

Muso das lentes de Padilha, Wagner Moura é Escobar. Para a empreitada, se mudou para Medellín antes mesmo do Netflix bater o martelo para Narcos, no ano passado, e passou um mês imerso em espanhol. Apesar do esforço, o sotaque do premiado ator baiano deixa a desejar em muitas cenas. Nada que torne seu Pablo menos memorável - até porque só os latinos notarão a diferença. Wagner também se dispôs a ganhar peso e entrega performance cheia de nuances.

[SAIBAMAIS] "É um personagem que me transformou como nenhum outro. Busquei sua humanidade. Era contraditório. Amava a família. Era amado - e ainda é, pelo povo de Medellín. Mas é um dos mais terríveis assassinos da história moderna", conta Moura, que divide os holofotes com Pedro Pascal e Boyd Holbrook. Os dois também têm a responsabilidade de representar personagens reais. Respectivamente, os agentes da DEA Javier Peña e Steve Murphy - narrador da primeira temporada. Os três desafiam maniqueísmos o tempo inteiro.

"Queríamos uma série que interessasse a duas audiências, a norte-americana e a latina. E o jeito que encontramos foi contar a história do DEA", explica o brasileiro que é produtor-executivo da atração. "Para mim é fascinante. A história em si é tão estranha que é mais louco do que ficção", completa Holbrook.

Confira cinco fatos interessantes dos três primeiros episódios de Narcos

"Esta série é história",

Toca outra vez!

A música de Narcos é assinada pelo carioca Pedro Bromfman, que, em 28 composições autorais, mesclou rock, cumbia, clássico cancioneiro colombiano e rap. Destaque para a música-tema, Tuyo - composta e cantada por Rodrigo Amarante para a série. Em uma cena, Pablo está em um bar, quando um cantante interpreta Tuyo. Ao fim do diálogo, Escobar dispara: "Adoro essa música. Rodrigo, mais uma vez!". Um brincante!

Atenção aos diálogos

Narcos foi idealizada por José Padilha, mas o processo criativo envolveu nomes como Chris Brancato (Arquivo X e Hannibal) e Eric Newman (Saturday Night Live) em extensa pesquisa. Destaque para diálogos memoráveis de Pablo, com frases de efeito como "Não sou rico, sou uma pessoa pobre com dinheiro", "Vocês podem aceitar meu negócio ou aceitar as consequências" ou "Todos os banqueiros são uns bandidos!".

Todos estão bem

Narcos foi rodada em quatro meses, principalmente nas cidades de Bogotá e Medellín, com um elenco da Argentina, do Brasil, do Chile e dos Estados Unidos, além da própria Colômbia. Boyd Holbrook e Pedro Pascal fizeram laboratório, na Virgínia, nos Estados Unidos, com os agentes do DEA que interpretaram, Steve Murphy e Javier Peña. "É impressionante como Pedro ficou parecido comigo", disse Peña. "Tentei explicar a ele o modus operandi e ele entendeu tudo. Realmente", garante. Merecem citação as performances de Juan Pablo Raba como Gustavo, braço direito e primo de Escobar; da bondgirl Stephanie Sigman como Valeria Velez, assessora e amante de Pablo, e do porto-riquenho Luis Guzman (Boogie Nights).

Ação!

Os dois primeiros episódios são dirigidos por José Padilha. Os outros, são assinados pelo brasileiro Fernando Coimbra (O lobo atrás da porta), pelo mexicano Guilhermo Navarro (O labirinto do fauno, Círculo de fogo) e o colombiano Andi Baiz (O quarto secreto).

É verdade?

Logo nos primeiros minutos do primeiro episódio de Narcos, tem "tutorial" sobre a tecnologia empregada, nos anos 1980, para caçar os narcotraficantes colombianos. Sem celular nem GPS, por exemplo, era preciso sobrevoar os telefones por satélites para tentar grampeá-los. Escobar, Steve Murphy e Javier Peña não são os únicos nomes reais que desfilam pela tela. Carlos Lehder, Coronel Carillo, Mateo Moreno são algumas figuras históricas transformadas em personagens. O esforço da parte não-corrupta da polícia colombiana para vencer o narcotráfico também é mostrado.

"O que o Netflix fez foi nos liberar dos parâmetros de tempo. Seria impossível encaixar tanta pesquisa em duas horas", opinou Newman. "Nunca tínhamos tido a oportunidade de contar nossa versão", declara Murphy, que agora é um agente aposentado. "Os roteiristas colocaram tudo: as mentiras, os subornos, o sexo, o amor. Esta série é história", arremata Peña.

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