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Maeve Jinkings comenta personagem em A Regra do Jogo: "Viverá muitos conflitos em uma relação abusiva"

Novela global estreia nesta segunda-feira na TV Globo, que revive a parceria entre Amora Mautner e João Emanuel Carneiro, responsáveis pelo sucesso de Avenida Brasil

Foto: TV Globo/Divulgação

"Domingas viverá muitos conflitos relativos a uma relação abusiva", adianta, em entrevista ao Viver. O convite surgiu da diretora e autor, após o produtor de elenco Guilherme Gobbi sugerir o nome da intérprete. "Eles gostam muito do cinema feito em Pernambuco", comenta. Além da teledramaturgia, Maeve grava Aquarius, segundo longa-metragem de ficção de Kleber Mendonça. Também estará nos longas Boi neon, de Gabriel Mascaro, e Açúcar, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira, ainda sem previsão de lançamento. Ela planeja ainda a volta ao teatro em São Paulo. "Estou morrendo de saudade do teatro".

Domingas aparenta ser uma mulher submissa. Que tipo de referência você usou para o papel? Acredita que ela tem um lugar na realidade de hoje?

Ainda vivemos num mundo muito hostil à mulher, de forma que, infelizmente, a minha referencia está de certa maneira na história da maioria das mulheres que você procurar saber. Basta abrir a escuta. Dia desses li que as mulheres representam 74% da população que toma remédios para doenças mentais, e isso está muito relacionado com uma sociedade que as oprime de várias maneiras. A Domingas é um retrato de muitas mulheres, e não apenas no Brasil.

Li em uma entrevista que você demorou a aceitar um papel na televisão. Por quê? O que te levou a aceitar o convite para A regra do jogo?

É natural um ator se identificar com alguns projetos e não se identificar com outros. Acho saudável até. E isso ocorre no cinema, na televisão e no teatro também, onde já fui atrás, já recusei e já aceitei papéis em diferentes projetos. No caso dessa novela, a dupla João-Amora ficou conhecida por dar mais suporte ao trabalho do ator na dinâmica na televisão, desde o texto que pode ser digerido e apropriado, o número reduzido de personagens, e até a própria "estética da sujeira" que Amora introduziu em Avenida Brasil trazendo mais realismo à encenação. Nessa novela eles querem experimentar uma nova relação com as câmeras, através do que eles chamam de caixa cênica.

[SAIBAMAIS] Avenida Brasil foi um fenômeno de popularidade. Você acompanhou a novela?

Há muitos anos não assisto televisão. Foi um hábito que adquiri nos tempos de minha faculdade de teatro, que era noturna, trabalhando como produtora cultural durante o dia. Não me restava tempo algum para mais nada! Mas escutei falar do sucesso estrondoso, a repercussão de uma boa novela ultrapassa a TV. Daí então comecei a me interessar pela dupla João e Amora, ler entrevistas e assistir trechos de seus trabalhos.

Por ser uma obra aberta, a sua preparação para um personagem em uma novela é diferente de um filme? Por quê?

É diferente desde o início porque não recebemos a trajetória completa do personagem como acontece no cinema e no teatro. Os capítulos na televisão vêm aos poucos. A dinâmica também difere porque existe menos tempo para se preparar, em função da maior quantidade de cenas. Por isso é preciso ter muita prontidão, e estudar sempre. Mas o caráter de uma obra aberta também é excitante, fico surpresa com os acontecimentos cada vez que leio um novo capítulo, com os rumos que a narrativa vai tomando.

Televisão é um universo que te interessa?

A representação humana me interessa, em todas as suas formas. E depois da internet, da programação on demand, das próprias mudanças que o país sofreu nas últimas décadas, a TV parece querer se reinventar. Pode ser um bom momento para buscar novas possibilidades narrativas dentro desse meio.

Quais foram os momentos que mais te marcaram com a repercussão de O som ao redor?

Foram muitos momentos marcantes. Quando recebemos o primeiro Fipresci no Festival de Roterdã na Holanda, quando Caetano Veloso escreveu entusiasticamente em sua coluna de jornal, quando venceu o Festival do Rio. Mas talvez eu tenha ficado realmente surpresa com a escolha do filme para representar o Brasil na candidatura ao Oscar.

Você gostaria de trabalhar com quais diretores?

Na televisão, gostaria muito de trabalhar com Luis Fernando Carvalho e também com (José Luiz) Villamarim.

NÚMEROS

15

Filmes que esteve envolvida

2

Filmes como preparadora de elenco

7

Longas em que atuou

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
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