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FIG 2015: Flávio José reclama falta de DVD e Dominguinhos recebe homenagem do Quinteto em sua terra natal

Em noite dedicada ao forró, também se apresentaram o cantor Herbert Lucena e a banda Forró Pesado

Quinteto Violado canta Dominguinhos no Festival de Inverno de Garanhuns. Foto: Marina Simões/DP/DA Press

Dominguinhos vive! Na madrugada em que completa dois anos da morte do sanfoneiro e compositor ele foi homenageado na cidade onde nasceu e no palco que leva seu nome. À meia noite, o Quinteto Violado encerrou a apresentação com De volta pro aconchego e transformou a Praça Guadalajara em um grande coral, durante o Festival de Inverno de Garanhuns. 

[SAIBAMAIS] Para ouvir e dançar o forró, o público compareceu em peso ao palco principal, na noite desta quarta-feira (22). A chuva não cessou um segundo, mas não diminuiu o brilho da festa. O grupo Quinteto Violado voltou ao município com o show Quinteto canta Dominguinhos. Sem sanfona, o grupo remonta o repertório do forrozeiro e passeia por canções frutos de parcerias com Anastácia, Nando Cordel, Gilberto Gil e Djavan.“Pegamos esse material de grandes momentos da obra dele com uma nova leitura do Quinteto, resgatando a musicalidade ‘free nordestina’ e traduzindo a linguagem musical de Dominguinhos, mesmo sem sanfona”, explica Marcelo Melo, vocalista da banda. 

No repertório, estão canções como Sete meninas, Tenho sede e Só quero um xodó. E incluiu músicas de Gonzaga e do Trio Nordestino como É proibido cochilar, Chililique, Sabiá, Sala de reboco e Carolina. A estreia do espetáculo ocorreu no mesmo palco, no projeto Viva Dominguinhos, em abril. Em seguida, eles viajaram com a turnê por 11 capitais brasileiras. O projeto Quinteto canta Dominguinhos já tem data para voltar ao Recife, no dia 7 de novembro, no teatro RioMar. “Vamos permanecer com esse show pelo menos por dois anos. E estamos negociando uma turnê na Europa, ainda este ano”, antecipou o tecladista Dudu Alves. 

Flávio José é atração principal da noite de quarta-feira, no FIG, e relembra os principais sucessos da carreira. Foto: Marina Simões/DP/DA Press

Em seguida, Flávio José subiu ao palco para tocar seus maiores sucessos. Canções como Tareco e Mariola, Eu não preciso de você, Caboclo sonhador, A casa da saudade, Me diz amor, De mala e cuia fazem parte do vasto repertório do cantor. Ele não esqueceu nenhuma. Ainda teve, Quando bate o coração, Seu olhar não mente e Se lembra coração. O artista finalizou a apresentação com um pout-pourri de músicas juninas, fazendo a ressaca do São João. 

Em entrevista, Flávio José ressaltou a importância do festival por oferecer música de qualidade a um público jovem. “Vejo isso como uma coisa muito importante. Aqui se abre uma oportunidade e a gente tem que aplaudir. É um encontro de grandes artistas e fico muito feliz em ter sido lembrado”, disse. “A juventude não é burra, ela gosta do que é bom. Só falta dar oportunidades, como aqui no Festival de Inverno de Garanhuns”.

Ele também se mostrou descontente e frustrado com as dificuldades do mercado fonográfico. Flávio criticou a falta de espaço para escoar as produções e desinteresse das gravadoras, fato que leva outros artistas a desistirem da carreira. “Conheço vários que desistiram por falta de espaço. Não posso pensar em desistir, nem que eu quisesse. Tenho uma história muito grande, discografia de sucesso. Às vezes a gente passa por uma decepção quando vê que sua música não toca mais na rádio. Mas o que a gente faz é cultura e cultura pode se ouvir e tocar em qualquer época. Como gostaria de ver isso aqui no Nordeste. Por aqui não existe isso. Já me acostumei com uma coisa: aquilo que a gente não pode mudar aprende a conviver”, afirmou.

 

O mais recente disco, Toque o pé, foi lançado em abril. “A gente lança disco como cartão de visita. Para dizer que está vivo. Mas não se vende mais nada. Tenho o sonho de um dia gravar um DVD. As pessoas me cobram muito. No dia que aparecer uma gravadora que queria distribuir e lançar, não vou querer ganhar nada com isso", explica. “Tem hora que a gente fica em momento de frustração. Será que o que eu fiz valeu a pena? Será que minha obra musical valeu a pena? E porque ninguém olha para isso? Estou aí sem nenhum DVD e gostaria que aparecesse alguma gravadora para lançar. Acho que meu trabalho inevitavelmente vai cair na pirataria, mas antes disso, ele merece uma vitrine para que as pessoas possam ouvir em um formato bacana”, conclui. 

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