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Entre o sonho e a psicodelia, Lira lança segundo disco solo

Ex-Cordel do Fogo Encantado contou com parcerias de peso como Gal Costa e Pupillo. Novo disco está disponível para audição gratuita

Crédito: Caroline Bittencourt/Divulgação

A cereja do bolo do novo disco de Lira, O labirinto e o desmantelo, aguarda a bênção de uma das principais vozes da música brasileira para a gravação se tornar pública, mas poderá ser ouvida no show de lançamento no Recife, nesta sexta-feira (15). Jabitacá, canção inspirada em um cantinho situado entre Sertânia e Arcoverde, cidade natal do cantor, estará no CD Estratosférica, de Gal Costa, previsto para o dia 26 de maio, com faixas assinadas por Criolo, Mallu Magalhães e Marcelo Camelo. Após o lançamento da Tigresa, o álbum do pernambucano chegará às lojas, e a 11ª faixa ganhará divulgação na web - as outras dez estão disponíveis para audição no Deezer (pela internet).

[SAIBAMAIS] “É muito forte ela gravar essa música, porque falo de um lugar que se torna imaginário, mas existe. Falo da mais bela flor encontrada nas montanhas de Jabitacá. Mas lá não é montanha, é um serrote”, conta, envolto em risos, sobre a música composta em parceria com Bactéria, ex-Mundo Livre S/A, e Junio Barreto (autor também da faixa-título Estratosférica, com Pupillo e Céu). Elba Ramalho (Nossa senhora da paz) e Pitty (Lagrimas pretas) já gravaram músicas dele.

Gal e Lira se conheceram em espetáculo em tributo a Waly Salomão, uma das referências poéticas do disco, em julho de 2014, no lançamento do livro Poesia total (Cia das Letras, R$ 49). “Quando recitei um poema dele chamado Garrafa, Gal sugeriu que trouxesse para a introdução de Vapor barato”, recorda. Nos bastidores, começou a relação musical dos dois, estreitada com o pedido de canções por Marcus Preto, diretor artístico de Estratosférica. Ele mandou três. Jabitacá foi escolhida.

Crédito: Divulgação

A experimentação melódica se intrica a versos psicodélicos e oníricos, com referências da mitologia, literatura fantástica, poesia do Oriente – especialmente da Pérsia – e a busca incessante pelo ineditismo. “Essa coisa de buscar o novo é impossível, mas é ela que me interessa. O impulso, a busca por uma metáfora, uma melodia nunca feita, um arranjo que surpreenda. Caracteriza meu trabalho”, diz.

O ouvinte é apresentado a um casal protegido na torre do relógio enquanto a cidade é destruída por tempestade de areia, em Vasto, a uma versão psicodélica de Trocando em miúdos, de Chico Buarque, em Desamar, e a um carro em chamas que vem do futuro para atacar a paz, em Ser. Com vocais de Céu, parceira da canção, Filtre-me tem clima de luz vermelha em roupagem dançante.

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Referências fantásticas

Os artistas que serviram de inspiração para o novo disco de Lira

José Alcides Pinto

Cearense, escreveu romance, poesia e dramaturgia marcados por experimentalismo, existencialismo e traços concretistas, como Tempo dos mortos (Topbooks, R$ 29).

José J. Veiga

De escrita lúdica e ácida, completaria 100 anos neste ano e algumas obras serão relançadas, como A hora dos ruminantes (Cia. das Letras)

Attar

Poeta e místico persa que viveu no século 12. A obra mais famosa é A linguagem dos pássaros (Attar Editorial, R$ 48), sobre a busca deles por uma ave mítica para se tornar rei.

Rumi

Também persa, nascido no século 13, o poeta e mestre espiritual é um dos mais populares escritores islâmicos no Ocidente, com várias versões em inglês.

Waly Salomão

Integrante da Tropicália e da contracultura, o carioca teve canções interpretadas por Caetano Veloso, Maria Bethânia e O Rappa.

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