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Petrúcio Amorim lança disco e biografia para celebrar 30 anos de carreira

"Enquanto houver força e saúde, estarei cantando e mostrando minha poesia", afirma cantor e compositor caruaruense de 56 anos

Petrúcio Amorim se emociona ao visitar o Museu Cais do Sertão, no Bairro do Recife. A reprodução de uma casinha simples, com paredes de barro e móveis antigos, o fez lembrar do lugar onde morou, no bairro do Vassoural, em Caruaru, no Agreste. O cantor e compositor de 56 anos celebra três décadas de carreira e lança, neste mês, o disco Petrúcio Amorim 30 anos de forró - coletânea com os principais sucessos da trajetória. “Passa um filme na cabeça. Fui criado na simplicidade, lembro dos momentos conversando ‘miolo de pote’ na mesa da cozinha e da minha mãe, que alimentava cinco filhos com muito sofrimento. Me transportei aos anos 1960”, conta.

Petrúcio pegou a estrada em 1976, aos 17 anos, para trabalhar como ajustador mecânico no Recife. Sua mãe era costureira e o pai marceneiro. Histórias como essa estão na biografia Petrúcio Amorim, o poeta do forró, assinada por Graça Rafael, prevista para setembro. O primeiro show foi em Caruaru, em 1985, no Palhoção de Zé Luzia. “A partir do ano em que me dediquei e pus os pés na estrada, o pão que ganhei foi com meu violão, meus discos”.

Foi o amigo Jorge de Altinho que deu a primeira oportunidade, em 1981, gravando Confidência. Duzentas músicas gravadas depois, o pernambucano já teve sucessos consagrados por Flávio José, Alcymar Monteiro, Santanna e Dominguinhos. No início, ele ainda servia na Aeronáutica e teve que trocar o avião pelo violão. “Tinha um emprego federal, o sonho de ser sargento, mas vi que minha tendência era musical”.

Ele recebeu influência de grandes ídolos como Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Djavan, Fagner e Zé Ramalho, na década de 1980. “Aprendi com eles a compor e a chegar mais perto do povo com minha obra”. Por muitos anos, ficou longe dos palcos e escreveu sobre fatos do cotidiano. “Fazer música é fácil, todo mundo faz. O difícil é fazer música com a qual as pessoas se identifiquem”, comenta.

Outros parceiros musicais, como Leonardo Sulliver, Rogério Rangel e Maciel Melo, influenciaram sua obra. Ele canta o forró de asfalto, que destaca o lado urbano. “O êxito das minhas músicas foi procurar um lado social que abrangesse a cultura do Nordeste. Não falo de tristeza, sempre falei do amor e mostrei as nossas deficiências”.

Nos anos 1990, compôs para bandas Mastruz com Leite, Cavalo de Pau, Catuaba com Amedoim e Limão com Mel. “Foi quando minhas músicas passaram a tocar em todas as rádios do Brasil e ganhei um melhor retorno financeiro, com direitos autorais”, relembra.

O trabalho como cantor só foi reconhecido a partir de 1995. “Isso é consagração. Pegar o seu violão, dar os primeiros acordes e ver as pessoas cantando junto não tem preço. Enquanto houver força e saúde, estarei cantando e mostrando minha poesia. Esses 30 anos são uma grande realização profissional”.


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Petrúcio Amorim 30 anos de forró terá tiragem limitada. O álbum duplo com 30 faixas terá 10 mil cópias para venda e distribuição.

O lançamento está marcado para 9 de maio, com show especial

na Casa da Rabeca, em Cidade Tabajara, Olinda. 

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Um sonho

Para mim, seria uma realização muito grande, para sacramentar minha carreira, duas figuras que sou fã: Alceu Valença e Raimundo Fagner. Esses dois, se gravassem uma música minha, eu estaria realizado na vida.


Raimundo Fagner

Composição

Gosto muito de pensar em temas e títulos, para depois desenvolver a música e a letra. Pensar em retratar momentos que vivi e histórias contadas por amigos. Pego o violão, o papel e a caneta. Nunca fui de beber compondo, nem de parar no meio da música. Já compus em diversos lugares. Dentro de um ônibus, com 50 pessoas, olhando para a estrada. Isso é muito relativo”.

Imaginários

Aconteceu um lance interessante, lembro bem, no segundo disco, que só tinha música de minha autoria. O pessoal da gravadora disse:

‘Por que você não arruma um parceiro?’ Mas já tinha músicas e não precisava de outras. De repente, fiz pseudônimo, dentro do meu disco, em duas ou três faixas, assinei com outros nomes só para ter efeito de que não era autoral, mas eram todas minhas”.

Decepção

Pensei em desistir com a música Menino de rua. Essa canção foi pensada para o cantor mineiro Fernando Mendes. Fiz para apostando na melodia. Ele passou um tempo com a música e, no último minuto, disse que não iria gravar. Aquilo me entristeceu bastante. Terminou que, em 1991, Jorge de Altinho gravou e foi um sucesso.

Petrúcio Amorim visita Cais do Sertão. Assista:

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“Petrúcio é um artista e pessoa maravilhosa e gênio da poesia. Um grande contador de causos também! Dá ainda mais orgulho de ser caruaruense. Ele traz uma maneira impar de compor, de falar de amor de um jeito que você consegue visualizar tudo que a música dele diz. Acho que Anjo querubim a mais bonita”.


“Petrúcio é um ícone da música brasileira, uma grande referência e inspiração para novos poetas, que com suas composições engrandece a nossa cultura, valorizando a música nordestina. Brinco sempre com ele, falo que ele é o nosso Chico Buarque pernambucano".


“Tenho o privilégio de seu amigo pessoal do poeta Petrucio Amorim. Ele é sem dúvida um dos maiores e mais importantes compositores do forro brasileiro. Sem dúvida a música Meu cenário é o maior sucesso do mestre".


“Conheci Petrúcio em 1994, quando precisei solicitar autorização para regravar a música Meu Mungunzá. Em janeiro de 1995 fui fazer um show em Manaus e a quinta música do meu show era exatamente essa. No final do show, quando me despedia, algumas pessoas vieram até o palco e me pediram para cantar novamente uma música que falava em Mariola. Foi aí que percebi que o nome da música deveria ser Tareco e Mariola. Contei para Petrúcio e imediatamente ele entendeu e mudou o título da música".


“Petrúcio Amorim é tão importante pra música de Pernambuco, quanto Alceu Valença, Capiba, Nelson Ferreira, Sook, eu e os outros pernambucanos. Já gravei umas três ou quatro canções dele. Temos muita coisas em comum. Nossas musicas às vezes se misturam. De vez em quando as pessoas confundem a gente. Me chamam de Maciel Amorim e ele Petrucio Melo. Eu fico quieto que não sou besta. Ele mais famoso que eu. Acho é bom".


"Petrúcio Amorim é meu amigo e meu parceiro musical, temos mais de 30 músicas desde que o conheci em 1986 quando cheguei em Recife Quando o conheci eu falei que tinha vontade de gravar uma música dele, entres tantas músicas que ele me mostrou eu gostei da música Estrela Cadente, mas ele me questionou “Como é que você vai gravar uma música que fala de Maceió, você sendo da Paraíba?” Daí eu falei que a música não tem fronteira e gravei a música. E hoje é um dos grandes sucesso da minha carreira".


“Ele foi um dos responsáveis pela minha total inclinação e entrada profissional no Forró. São muitos encontros marcantes, mas um que considero um bonito gesto da parte dele é que uma vez, o produtor de Elba Ramalho, que estava no auge do sucesso, ligou pra ele e pediu que selecionasse três canções para um novo disco dela, Petrúcio imediatamente, ligou pra mim e pediu três canções minhas e entregou as seis ao produtor, sem dizer quais eram as minhas, ou as dele. Considerei um gesto de grandeza de caráter e solidariedade”.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
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