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Já vimos Cinquenta tons de cinza: confira o que achamos

Convidamos três leitores a analisar conosco a adaptação do enredo de E.L.James para o cinema

Sem "beijo de língua", 50 Tons de cinza ganha clima morno na adaptação ao cinema. Foto: Divulgação

Não fosse o "quarto de jogos" do protagonista (com diversos apetrechos e brinquedinhos sexuais) e o conhecimento prévio - fornecido pelo livro homônimo - sobre seu sadismo, o Sr. Grey do longa Cinquenta tons de cinza passaria somente por um jovem abastado com vida sexual um pouco mais apimentada do que a comum. Não há muito o que esperar das cenas de sexo que "esquentaram" cabeceiras mundo afora  em sua versão para as telonas: você não verá nada que não já tenha feito ou pensado em fazer, ainda que secretamente. O sadomasoquismo intenso - violento mesmo, em algumas passagens - descrito nos mínimos detalhes por E.L. James, dá lugar a cenas de sexo mornas. É ensaiado um nu frontal do ator Jamie Dornan, mas somente ensaiado. Já a nudez feminina, como de costume, é o destaque das tomadas. Curvas, seios e contorcionismos da atriz Dakota Johnson não são poupados.

As mordidas nos lábios denotam a tensão sexual, atenuada no longa. Foto: Divulgação

Rebeca esperava mais cenas de nudez. Foto: Larissa Lins/DP/DA Press

“Christian não se destaca nas telas. No livro, as punições aplicadas pelo dominador são muito mais cruéis. Enquanto a Anastasia do filme demonstra algum humor e curiosidade nas cenas de masoquismo, inclusive prazer, a versão literária da protagonista sofre e sente bastante dor. Nas telonas, ela parece “gostar” dos jogos. No primeiro castigo [no livro], ela passa um tempo sem sequer conseguir sentar. No filme, tudo isso é muito mais suave. ”, diz a estudante e blogueira Rebeca de Arruda (20), comparando as duas versões do enredo. Rebeca esperava mais cenas de nudez, mais “agressividade” e mais tempo dedicado aos jogos sexuais do Sr. Grey. Porém, se diz surpreendida positivamente pela atuação da protagonista.

 
 
 
Dakota, inclusive, rouba os holofotes do pouco expressivo Dornan na pele de Christian Grey. A formanda em literatura inglesa Anatasia Steele, que detém o ponto de vista da trilogia, ganha desenvoltura nas telas. A Anastacia de Sam Taylor-Johnson já apresentada tão sagaz, irônica e charmosa quanto a versão de E.L. James chega a ser ao fim da trilogia. Apesar da condição de "submissa" nos atos sadomasoquistas arquitetados por Grey, fica clara a dominação emocional que ela exerce sobre ele. Enquanto um testa os limites fisícos da outra, esta se empenha em forçar as barreiras emocionais erguidas pelo primeiro. O jogo de intimidade entre eles ganha mais peso do que o fator erótico - sensivelmente menos explorado em relação à obra original.

Marco elogiou a trilha sonora e o jogo psicológico dos personagens. Foto: Larissa Lins/DP/DA Press

 
 
 
 
 
 
A omissão de algumas cenas mais picantes - como o polêmico trecho em que Christian retira absorvente interno da protagonista e a leva para transar no banheiro - atenuou e muito o clima pornô criado por James. Como Dakota Johnson havia dado a entender ao anunciar que proibira familiares de assistirem ao longa, não é o tipo de filme para curtir ao lado dos pais ou avós. Mas não chega, em nenhum momento, a ser constrangedor. A tensão sexual se resume, na maior parte do tempo, a ser demonstrada por mordidas nos lábios. Quem espera beijos mais quentes também vai se decepcionar. O medo e a dor provocados pelas "punições" do Sr. Grey perdem destaque, enquanto seu poder aquisitivo se transforma em mais uma ferramenta de intimidação.

Juliana espera que os próximos títulos tenham mais cenas de ação. Foto: Larissa Lins/DP/DA Press

As performances com "brinquedinhos" sexuais são menos exploradas e as cenas, mornas. Foto: Divulgação

[SAIBAMAIS]

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