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Casa nova para o frevo

Às vésperas do carnaval, um das principais escolas gratuitas de frevo do Recife celebra dez anos com sede própria. Saiba onde aprender a frevar. Foto: Roseane Souza/Divulgação

A casa em frente à Praça do Hipódromo, que custou R$ 110 mil e foi comprada com recursos próprios, reflete também uma demanda reprimida no Recife, segundo um dos integrantes do grupo, Eduardo Araújo. “O Paço do Frevo, por exemplo, é um espaço maravilhoso, mas não dá conta da demanda por aulas. Também pretendemos disponibilizar o local para outros coletivos ensaiarem, pois este é um gargalo antigo da capital pernambucana”, afirma.

Atualmente, as aulas atraem cerca de 30 alunos, inclusive estrangeiros, que querem frevar. O grupo também desenvolve um projeto de resgate de antigos passos do frevo, para que eles não caiam no esquecimento e sirvam de material de pesquisa para outros dançarinos. Já a casa onde fica o acervo será reformada e adequada para as atividades.

“Continuaremos dando aulas gratuitas na Praça do Hipódromo, como já fazemos, mas agora teremos um local para fazermos nosso planejamento estratégico, manter o acervo e disponibilizar nosso material para pesquisadores. Também queremos celebrar parcerias com pessoas e instituições para ajudar a manter as atividades da nossa sede”, detalha Eduardo.

O Guerreiros do Passo tem cinco integrantes e professores que se revezam nas aulas, ministradas às quartas-feiras, às 19h, e aos sábados, às 15h, na Praça do Hipódromo: Eduardo Araújo, Gil Silva, Valdemiro Neto, Lucélia Albuquerque e Ricardo Napoleão.

Todos eles foram discípulos de Nascimento do Passo, dançarino e professor de frevo que se tornou símbolo do ritmo em Pernambuco e pioneiro na sistematização dos passos do da dança. Ele fundou, em 1973, a Escola Recreativa Nascimento do Passo, além de lutar pela criação da Escola Municipal de Frevo Maestro Fernando Borges, inaugurada em 2006, e mantida pela Prefeitura do Recife.

Além da escola Maestro Fernando Borges, do Paço do Frevo, e do próprio Guerreiros do Passo, o Balé Popular do Recife, na Boa Vista, e o grupo Brincantes das Ladeiras, na Praça Laura Nigro, no Sítio Histórico de Olinda, são outras opções para frevar. Para colocar em prática o aprendizado, o Guerreiros do Passo mantém ainda a Troça Carnavalesca Mista O Inocente, que sai durante o carnaval.

No passo

Academia

O frevo motiva pesquisas artísticas e acadêmicas. Entre as profissionais envolvidas com o tema estão a bailarina, cantora e atriz Flaira Ferro, professora do Instituto Brincante, em São Paulo, e Valéria Vicente, dançarina, pesquisadora e professora do departamento de Artes Cênicas da UFPB. As duas também se uniram no projeto Frevo de casa.

Método

O Guerreiros do Passo adotou a metodologia de Nascimento do Passo (1936-2009). A intenção, segundo Eduardo Araújo, era não deixar que o ritmo caísse em desuso. “Para facilitar o aprendizado, Nascimento agrupou movimentos em famílias de passos, criando 40 movimentos básicos. A partir daí, o passista arrisca para coisas mais difíceis”

Espetáculo

O grupo criou, em 2006, o espetáculo homônimo Guerreiros do passo, que antecipava as homenagens ao centenário do frevo, comemorado em 2007, e que está no repertório até hoje. A pesquisa do coletivo engloba desde os movimentos dos primórdios do ritmo até a atualidade. A primeira apresentação do coletivo em 2015 será na Manhã de Sol, do Bloco da Saudade, no dia 11 de janeiro, às 11h, na AABB Recife, nos Aflitos.

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