Fusce pretium tempor justo, vitae consequat dolor maximus eget.
Coração do comércio popular do Recife, Camelódromo faz 30 anos à espera de dias melhores
Calçadão dos Mascates, na Avenida Dantas Barreto, enfrenta problemas. Comerciantes e cliente pedem providências e prefeitura diz que está fazendo "grande intervenção".
Não existe nenhuma cidade grande sem comércio popular. E não há nenhum ponto de vendas que sobreviva sem ter gente para frequentar e comprar.
Cidade conhecida, desde as origens, pelos vendedores nas ruas, os mascates, o Recife tem no coração do Centro da cidade um exemplo de de central de vendas erguida pensando em grande parte da população.
Movimentado e “concorrido”, o Calçadão dos Mascates, mais conhecido como o Camelódromo da Avenida Dantas Barreto, completou, em fevereiro este ano, 30 anos.
Mesmo com todos os problemas, ele resistiu ao tempo.
Passadas três décadas desde a fundação, na gestão do ex-prefeito Jarbas Vasconcelos, o "Camelódromo" passou pelo "aniversário" de forma silenciosa.
Uma das provas de que, mesmo com a importante data, não há muito o que se comemorar na área do projeto de autoria dos arquitetos pernambucanos Ronaldo L’Amour e Zeca Brandão.
Nem para quem vende nos boxes criados pelo projeto original nem para os barraqueiros e ambulantes que frequentam a área e, sobretudo, para os clientes que sofrem com a infraestrutura precária.
Muitos problemas
As mercadorias da minilojas tomam conta das calçadas e também das vias. Isso atrapalha a circulação de veículos e de pedestres.
Para quem frequenta diariamente o camelódromo, os sentimento são de tristeza e desânimo de constatar que o espaço está se degradando cada vez mais.
É o caso de uma das mais antigas comerciantes do equipamento, Betânia Moreira, de 60 anos.
Ela se dedica para vender roupas há mais de 25 anos no camelódromo.
Betãnia reclama da degradação estrutural do espaço e cobra da Prefeitura do Recife (PCR) a criação de um canal de escuta pública entre a gestão municipal e os comerciantes para tratar sobre pautas de melhorias do camelódromo.
Mais à frente, no módulo 3, a também comerciante Emily de Souza, de 28 anos, trabalha há 10 anos na venda de artigos religiosos no local.
Segundo ela, uma das principais queixas dos trabalhadores informais é a falta de refrigeração e a sujeira no equipamento.
Emily estava atendendo a doméstica Maria de Fátima, de 45 anos, que mora próximo ao camelódromo, no bairro de São José.
“Sempre que eu venho aqui é muito calor e muita sujeira pelos corredores. O camelódromo é um espaço tão antigo e importante para o comércio que causa hoje em dia uma sensação desagradável. É ruim para a gente que vem consumir, imagina para quem trabalha? Fora isso, os boxes são desordenados, um colado com o outro, e às vezes não há nem espaço adequado pra todo mundo. Seria necessário aqui uma revitalização grande para poder transformar o camelódromo em um espaço digno pra todos”, comentou a consumidora.
O que diz a prefeitura
O Diario de Pernambco entrou em contato com a Prefeitura do Recife para falar sobre os projetos para o Camelódromo, nos seus 30 anos.
O administração municipal optou por enviar uma nota e disse que "está em curso a maior intervenção de requalificação estrutural da história do Calçadão dos Mascates".
Ainda de acordo com a prefeitura, além de toda a recuperação da estrutura de ferro, estão sendo atualizadas as instalações elétricas e hidráulicas, além da drenagem. Com a reforma, todos os equipamentos de medição de energia elétrica serão individualizados.
"A intervenção no Camelódromo deverá ser entregue até o final do ano", acrescentou.
A história do ontem para o hoje
Significantes transformações urbanísticas e de mobilidade na Avenida Dantas Barreto, no bairro de São José, tiveram início há mais de cinco décadas.
Foi na Dantas Barreto que aconteceu uma das mais significativas alterações urbanas do Centro do Recife, ocorrida entre os anos de 1971 e 1973, com a construção do trecho da avenida com o Pátio da Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a Praça Sérgio Loreto, em uma área de quase quatro quilômetros quadrados.
À época, a ideia era propiciar uma solução para o movimentado fluxo de veículos na área central da cidade e viabilizar uma ligação direta com bairros da Zona Sul do Recife.
Para a construção da Avenida Dantas Barreto, em 1971, foram demolidos vários edifícios no bairro de Santo Antônio, alguns deles históricos.
No bairro de São José as intervenções atingiram a demolição de seis quadras, centenas de imóveis, várias ruas, o Pátio do Carmo e a Igreja do Bom Jesus dos Martírios.
À época, o prefeito do Recife, Augusto Lucena (1971-1975), que havia iniciado a sua segunda gestão à frente da gestão municipal com a meta de de executar uma modernização dos aspectos urbanos no Centro da cidade, possibilitando o desenvolvimento do Recife como um todo.