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Prevenção poderia ter evitado 60% dos casos de cegueira

Publicado em: 13/04/2022 18:08

 (Foto: Divulgação. )
Foto: Divulgação.
 

Mais da metade dos brasileiros com perda total de visão (cerca de 700 mil pessoas) poderia estar enxergando, normal ou parcialmente, se visitasse um oftalmologista pelo menos uma vez ao ano. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 45,5% dos casos de distúrbios visuais no mundo (2,2 bilhões) poderiam ser evitados com tratamento e medidas de prevenção. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), 60% dos casos de cegueira são evitáveis.

E para alertar sobre a importância da prevenção e combate às doenças que podem levar à cegueira, surgiu o Abril Marrom. O mês é dedicado à conscientização da população sobre o tema, já que ao menos metade dos casos de cegueira em todo o mundo poderiam ser evitados com diagnóstico precoce e tratamento adequado, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

 (Foto: Divulgação. )
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A oftalmologista do Hospital de Olhos Santa Luzia Rinalva Vaz  destaca a relevância do Abril Marrom. “É exatamente chamar a atenção da população para doenças que podem levar à cegueira, tanto em quadros permanentes quanto em casos de baixa visão. Temos algumas situações reversíveis como a catarata, que você opera e recupera totalmente a visão, mas também o glaucoma, que é o maior exemplo de cegueira irreversível”, afirma.

 A importância do Abril Marrom se torna ainda maior com a pandemia da Covid-19. Fatores como o isolamento social e o maior tempo de uso de telas causaram uma piora da saúde ocular da população. Doenças como catarata, glaucoma e miopia registraram aumento no número de casos.

 A pandemia afetou de forma significativa o número de consultas e cirurgias relacionadas à visão no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS) em 2020. De acordo com dados apurados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a partir de registros do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, cerca de 3,7 milhões de consultas deixaram de ser realizadas, uma queda de 35%. No caso das cirurgias, houve uma redução de 390 mil procedimentos, queda de 27%. A comparação é em relação a 2019, ano pré-pandemia.

Rinalva reforça o impacto negativo que a pandemia teve na saúde oftalmológica da população. “Os pacientes, com receio de irem às consultas, tiveram evolução de quadros. O paciente de catarata, por exemplo, que teve que conviver esses dois anos com a visão reduzida, felizmente consegue resolver o problema com a operação. O pior caso é o glaucoma, que não conseguimos reverter esse período que o paciente esteve sem acompanhamento”, lamenta.

 

Crianças

Apesar da perda da visão ser mais comum em idades mais avançadas, as crianças também podem ser acometidas pela cegueira. "Muitos casos poderiam ser prevenidos se as mães tivessem um pré-natal mais cuidadoso durante a gestação. Algumas doenças infecciosas como rubéola e toxoplasmose podem causar alterações na visão. A rubéola pode provocar a catarata congênita, e também temos o glaucoma congênito como exemplo de causa congênita", explica a oftalmologista Rinalva Vaz.

 

Principais doenças que causam a cegueira

Entre as causas mais comuns de cegueira estão a catarata, o glaucoma, os erros refrativos, a retinopatia diabética e a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). Muitas dessas doenças aparecem de forma silenciosa e não apresentam sintomas no início, o que reforça a importância do diagnóstico precoce e acompanhamento oftalmológico durante todas as fases da vida.

 

Diabetes e sedentarismo

O aumento do sedentarismo e a piora nos hábitos alimentares durante a pandemia também favoreceram o aumento de casos de diabetes, doença fortemente associada ao surgimento de problemas na visão. Doenças oftalmológicas como: retinopatia diabética, glaucoma, catarata e edema macular podem ser provocadas pelo excesso de açúcar no sangue e, quando não tratadas, são capazes de gerar danos irreversíveis à visão.

 

Como surgiu a campanha

O Abril Marrom surgiu em 2016 através da iniciativa do médico Suel Abujamra, especialista em oftalmologia e ex-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). A escolha do mês se deu em homenagem ao nascimento de José Álvares de Azevedo, professor que em 1850 trouxe o alfabeto Braille para o Brasil, escrita tátil utilizada por pessoas cegas ou com baixa visão. Já a opção pelo Marrom ocorreu pela cor ser a mais presente dos olhos da maioria dos brasileiros.

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