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JÚRI POPULAR

Colisão: "Ele tinha consumido tanto álcool que não tentou nem desviar", diz testemunha de defesa do acusado

Publicado: 16/03/2022 às 11:03

A sessão de julgamento continua hoje com o psiquiatra forense Antônio José Eça, que está dando depoimento neste momento. Também ocorre hoje o interrogatório do réu, além da fase de debates./Rafael Vieira/DP

A sessão de julgamento continua hoje com o psiquiatra forense Antônio José Eça, que está dando depoimento neste momento. Também ocorre hoje o interrogatório do réu, além da fase de debates. (Rafael Vieira/DP)

O psiquiatra forense Antônio José Eça, testemunha arrolada pela defesa de João Victor Ribeiro, motorista acusado de colidir com o carro e provocar a morte de três pessoas, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife, no ano de 2017, disse em depoimento que o acusado tinha ingerido uma alta quantidade de álcool, suficiente para causar um coma. Durante o depoimento, o especialista se denominou neste caso como perito assistente técnico. O julgamento ocorre na manhã desta quarta-feira (16), neste momento, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra.

“Essa quantidade de álcool que ele tinha consumido poderia causar um coma. Ele tinha consumido tanto álcool que não tentou nem desviar ou frear o carro. Ele passou reto como se não tivesse outro veículo na frente. Ele não estava normal”, disse José Eça, na ocasião.

O perito assistente técnico, que é a primeira testemunha do dia de hoje, em determinado momento do depoimento comentou sobre a saúde do acusado. “A família erra quando vê com esse coitadismo. Pensar em coitadismo é deixá-lo internado para não acontecer esse tipo de desgraça. Ele precisa ser internado porque se ficar solto não será medicado”, disse.
 

 

Antônio destacou pontos sobre internação do acusado. “Adiantou a internação (de seis meses) dele? Para mim e para você pode parecer muito tempo, mas para ele não foi suficiente”. 

A testemunha também falou sobre as atitudes profissionais que ele tomaria.  “Quando eu mando uma pessoa dessas para a internação é como eu faço justiça. Mandar João Victor para a cadeia não é fazer justiça, é vingança”, pontua. 

Testemunhas
O júri popular é presidido pela titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, juíza Fernanda Moura de Carvalho. A instrução começou ontem (15), com a leitura da denúncia. Em seguida, a sessão foi conduzida para a oitiva das testemunhas.
 
Na manhã de ontem, a primeira testemunha ouvida no júri popular foi Gleibson José de Santana, que passava pelo local no momento da colisão. Na sequência, a vítima Miguel Arruda da Motta Silveira Filho foi ouvida na sessão. Depois, foram ouvidos Matheus Pinto Peixoto e, em seguida, Artur Donato Sales da Silva, ambos amigos de João Victor, e que estavam com ele no bar antes do ocorrido. 

Após o intervalo, que aconteceu das 13h40 às 15h, testemunhou o perito criminal Vinícius Nogueira Trajano. Em seguida, começaram os depoimentos das testemunhas arroladas pela defesa. A primeira a falar foi Cláudia Noemia Moreira Ribeiro, tia do réu. Em seguida, testemunhou Emily Necília Leandro Diniz, na condição de madrinha do acusado perante o programa Narcóticos Anônimos (NA). Ainda hoje, ocorrerá a oitiva de mais uma testemunha, o médico Hewdy Lobo.
 
De acordo com Tribunal de Justiça (TJPE), a previsão é que o término do julgamento ocorra ainda nesta quarta-feira. A sessão pode ser acompanhada ao
vivo através do site https://youtu.be/xx1-0s5d0Is.
 
Relembre o fato

João Victor foi o responsável por uma colisão de trânsito que provocou três mortes no bairro da Tamarineira, no dia 26 de novembro de 2017, e pode ser condenado a mais de 20 anos de prisão. O réu cortou o sinal vermelho do cruzamento entre a Avenida Rosa e Silva e a Rua Cônego Barata quando dirigia um Ford Fusion a 107 km/h (num trecho com máxima permitida de 60km/h), e carregava no sangue o triplo do volume de álcool permitido por lei. 

Trafegando no Toyota Rav-4 que foi atingido em cheio pelo carro do réu numa batida em “T” (quando um veículo se choca com sua parte frontal contra a lateral de outro), a funcionária pública Maria Emília Guimarães da Mota Silveira, de 39 anos, seu filho Miguel Arruda da Motta Silveira Neto, de 3, e a babá Roseane Maria de Brito Souza, de 23, que estava grávida, morreram. 

Pai de Miguel Filho e esposo de Maria Emília, o advogado Miguel da Motta Silveira sobreviveu ao desastre com ferimentos graves, assim como Marcela Guimarães da Motta Silveira, filha do casal. Ambos ainda se recuperam de sequelas físicas e psicológicas. O julgamento está sendo realizado pela 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, sob o comando da juíza Fernanda Moura de Carvalho. 
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