No país, os dados registram um aumento de 340% no número de famílias despejadas no último ano, saindo das 6.373 registradas até agosto do ano passado para 21.725 até agosto deste ano. Já o aumento no número de famílias ameaçadas foi de 485%, 18.840 até agosto de 2020 para 91.305 no mesmo período. Os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Amazonas registraram os maiores números de despejos: 4.862, 4.622 e 3.080 famílias, respectivamente. Mas Paraná, Piauí e Pernambuco também chamam atenção com números preocupantes: 1.656, 1.325 e 2.000 famílias, respectivamente.
“Uma moradia digna é a porta de entrada para uma série de outros direitos, como saúde, educação e segurança. Em plena pandemia milhares de pessoas estão ameaçadas de serem alijadas de um direito básico e constitucional. Com a aprovação da lei em Pernambuco que suspende os despejos durante a pandemia, esperamos que o governador sancione a lei e garanta um pouco de tranquilidade a essas famílias”, defendeu Socorro Leite, diretora executiva da Habitat para a Humanidade Brasil, uma das organizações que integram a Despejo Zero.
A campanha tem atuado fortemente para impedir ações de despejos em todos estados brasileiros, tendo êxito em ações que ajudaram 8.508 famílias, até julho último. Segundo dados do IPEA, 88% das famílias que compõem o déficit habitacional brasileiro têm renda familiar de até três salários-mínimos. Os trabalhadores de menor renda foram precisamente os mais atingidos com as consequências da Covid-19, sofrendo com o rebaixamento salarial e a perda de emprego, situação especialmente pior entre mulheres, negros e jovens.
“O nosso País passa por uma grande crise sanitária e econômica que está atingindo principalmente o povo pobre e trabalhador. Com Pernambuco, essa realidade não é diferente. As pessoas estão sofrendo com a fome, com a miséria, com o desemprego, e com os despejos. São pessoas que não têm como pagar aluguel e não têm uma moradia digna, criando um verdadeiro tormento para todas as pessoas atingidas. Isso vem junto com uma política de desmonte do programa Minha Casa Minha Vida e do orçamento zero para habitação que o Governo Federal propôs para esse ano”, disse Kléber Santos, coordenador do Movimento de Luta nos Bairros e Favelas (MLB).
Habitat Brasil
Em meio à pandemia, a Habitat Brasil injetou R$ 4,7 milhões em comunidades no país, realizando obras de melhorias habitacionais. Em todos os projetos, são comprados materiais de construção de empreendimentos locais e a contratação de mão de obra ocorre na comunidade, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento econômico local.