De acordo com o secretário de Meio Ambiente, José Bertotti, o objetivo da implementação do plano é modernizar e realinhar o parque dentro dos conceitos atuais do setor, com frentes de atuação que se baseiam nos pilares de conservação, educação ambiental, pesquisa científica e lazer educativo. Dentro desses parâmetros, o secretário destacou a intenção de se promover uma reconexão dos pernambucanos e turistas com os biomas locais.
"Nós tivemos hoje um momento de preocupação com a conservação da natureza, a ampliação das unidades de conservação, o olhar para cada um dos nossos biomas, para que possamos dar uma contribuição para a preservação das nossas espécies, o repovoamento dessas unidades de conservação e, ao mesmo tempo, uma conexão com a nossa população, fazendo com que esse Plano Diretor tenha foco na biodiversidade de Pernambuco. Que esse espaço de lazer, cultura e educação ambiental sirva como alerta para a problemática das destruições dos espaços naturais, que precisamos reverter”, disse Bertotti.
Seguindo o novo Plano Diretor, o Parque Dois Irmãos passará a contar apenas com animais de origem nativa, naturais da Mata Atlântica e zonas de transição, além da Caatinga. O mesmo se aplica ao processo de recebimento dos bichos. Ao todo, 23 animais - de grande e pequeno porte - figuram na lista prioritária de desembarque no zoológico. Entre eles, Jacucaca, Lontra, Ema, Jacutinga, Lobo-Guará e Onça-Pintada.
Já os animais exóticos serão encaminhados a outras entidades de conservação “devidamente regularizadas e capazes de fornecer igual ou melhor condição de bem-estar aos bichos”. Ao mesmo tempo, apesar de estarem na categoria de animais que serão adotados, alguns animais exóticos vão permanecer no parque “devido a problemas de saúde ou dificuldade de adaptação a outros ambientes em função da idade avançada” ou nas situações em que não forem encontradas instituições adequadas para receber esses indivíduos.
No total, 135 animais de 31 espécies serão transferidos. Entre eles, o casal de ursos-pardos, que serão enviados para o Rancho dos Gnomos, em São Paulo; o mutum de bico azul, que será transferido para o Criadouro Sérgio Polezel, também no estado sudestino, e o pavão branco, conduzido à Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, essas mudanças serão conduzidas de forma gradual, obedecendo o plano de ação com a lista de prioridades, checagem de instituições receptoras e doadoras, além de divulgação das etapas para o público.
Redistribuição e Reconexão
Entre as ideias de reformulação, o novo Plano Diretor do Parque Dois Irmãos sugere uma redistribuição gradativa dos animais nas áreas do equipamento, agrupando as espécies por biomas. “O objetivo é potencializar o processo de empatia e conexão do público durante a visita ao zoo, de forma a despertar atitudes em prol da conservação da vida selvagem e de ecossistemas saudáveis”, diz parte do documento.
"A apresentação desse Plano Diretor é a coroação de um esforço imenso para encontrar a vocação do parque Dois Irmãos. Foi um amadurecimento imenso com relação à visão que temos hoje do que deve ser um zoológico que realmente contribua com a conservação, com a educação e proporcione um lazer de qualidade, sempre primando pelo bem-estar dos animais”, opinou a presidente da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil, Cláudia Igayara.
“Além do Plano Diretor, eu fiquei extremamente satisfeita por ver o quanto de reflexão sobre cada animal colocado na lista do Plano de Populações e sobre as características que o parque vai ter. Ter um Plano Diretor e de Populações é um instrumento de gestão extremamente importante, que dá possibilidade para priorizar ações e recursos”, concluiu. A revisão do plano vai acontecer a cada cinco anos.
Fundado em janeiro de 1939, hoje o zoológico Dois Irmãos possui uma área de 14 hectares. De acordo com dados da Semas, em contextos adversos à pandemia da Covid-19, o parque recebe cerca de 400 mil visitas por ano. Ainda não há previsão de reabertura do parque.