Vida Urbana

Em meio à crise, retiro fortalece vivências espirituais e saberes tradicionais, na Região Metropolitana


Em tempos de medo e incertezas, um retiro com foco no desenvolvimento humano pode ser a chave da mudança na vida de inúmeras pessoas. Essa é a proposta do espaço Aldeia da Vida, no município de Camaragibe, que já congrega aproximadamente três mil membros de todo o Brasil. Este ano, a instituição realiza a 2ª edição do Projeto Existir, com a participação da terapeuta e psicanalista Cláudia Castro e da cantora Flaira Ferro, nos dias 15, 16 e 17 de janeiro. O evento também contará com uma cerimônia de Consagração da Ayahuasca, onde os participantes poderão tomar a bebida indígena homônima, que atua sobre o sistema nervoso e permite visões relacionadas aos seus próprios sentimentos e experiências.

“O Projeto Existir é um retiro de aprofundamento espiritual em meio à natureza, que nasceu com o propósito de nos fortalecer em meio a esta pandemia. O Covid-19 foi algo que mexeu em todas as esferas humanas”, explica um dos fundadores da Aldeia da Vida, Leandro Valente.

Para participar da Aldeia, que funciona desde 2019, os interessados devem estar dispostos a vivenciar uma imersão completa na natureza. São itens obrigatórios para os participantes: barraca que tenha capa para chuva, repelente, tolhas e colchonetes, além de roupas confortáveis, como calças, vestidos ou saias compridas para o momento da cerimônia.

“O lugar é lindo, belíssimo, no meio da mata, com bambuzal, rio correndo do lado. A Aldeia da Vida é o local em que fazemos esses trabalhos para lembrar que a gente é natureza”, conta a terapeuta Cláudia Castro.


Nos três dias do evento, a programação começará com acolhimento na tarde da sexta, e com o “Ritual do Propósito”, em que os participantes estarão em volta de uma fogueira, pedindo por coisas que desejem que aconteçam neste ano. Nos dias seguintes haverá palestras e encontros sobre xamanismo, sobre a cerimônia de Ayahuasca, e as diferenças entre Pajés e Xamãs, além das vivências de música e dança.

“É um projeto em que a gente trabalha com terapias integrativas junto com o xamanismo. E as terapias, dessa vez, vão ter a Constelação Familiar, e uma vivência de Estado de Arte, com a Flaira Ferro. Ela vai trabalhar na arte, para ressignificar traumas e coisas onde a nossa criança lá atrás se perdeu dessa arte, do artista e dessa vivência. E eu vou trabalhar no processo de reconexão com você, mas olhando a Constelação Familiar dentro dos elementos da natureza”, explica Cláudia.

De acordo com a terapeuta, a Constelação Familiar é um processo em que se acessa um campo em que é possível descobrir as causas de traumas já vivenciados. “É tudo ligado ao processo energético, mas é um processo transgeracional. Existe um movimento de pessoas e é como se você tivesse um grande Wi-Fi, desde o seu primeiro ancestral. A Constelação consegue chegar até 11 gerações para trás, e descobrir as causas das nossas dores. A gente sabe que a gente herda traumas, dor e várias questões que são disfuncionais”, acrescenta. Cláudia desenvolve trabalhos com Constelação Familiar há mais de seis anos, e também atua na área de Terapia Sexual e Educação Emocional.


Sobre o Estado da Arte, a cantora e estudiosa do tema, Flaira Ferro, explica que as vivências estão ligadas a prática de exercícios de escuta e auto-observação com música, dança e poesia. “A gente está atravessando um momento do mundo onde é muito importante a gente aprender a se ouvir e não ser apenas um fantoche manipulado pelas expectativas, pelas redes sociais, pela política, pelas fake news, pelas nossas lideranças. Então sinto que fazer esse trabalho do Projeto Existir, é muito sobre o resgate de uma autonomia do sentir. De aprendermos a conviver com a gente mesmo. Então, é para além do que a gente vai estar oferecendo”, explica.

“Isso está sendo oferecido num tempo do mundo em que está pedindo pra gente uma inteligência emocional mais profunda para lidar com as dores, as crises e alegrias, inclusive. Principalmente por estarmos num período do mundo onde a principal doença é a depressão e a ansiedade, e isso diz muito sobre os lugares que a gente está precisando olhar”, acrescenta a artista.


Para o fundador da Aldeia da Vida, que estuda e pratica a espiritualidade ligada ao povo indígena Yawanawá, é preciso responsabilidade para participar do retiro e beber o chá milenar da Ayahuasca.

“Cuidar das pessoas em qualquer trabalho desenvolvido aqui é o nosso foco principal. Podem participar de uma cerimônia como esta toda pessoa que busca se conhecer melhor e de uma forma mais profunda. Porém não deve ser apenas uma curiosidade rasa. Até mesmo essa curiosidade precisa está bem fundamentada e bem direcionada, pois essa bebida sagrada não é qualquer bebida. Seriedade, responsabilidade e respeito devem caminhar ao lado de quem serve ou bebe este chá milenar”, finaliza.

Os interessados em participar do retiro devem entrar em contato através da página @aldeiadavidaa, no Instagram, ou pelo número de telefone (81) 9 9144.7528.

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