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Pandemia

ONGs precisaram se reinventar para atender vítimas de uma crise que trouxe demandas inéditas e desafiadoras

Publicado em: 03/11/2020 08:36 | Atualizado em: 03/11/2020 08:59

 (Foto: Arnaldo Sete / Esp. DP Foto.)
Foto: Arnaldo Sete / Esp. DP Foto.
Quem já atuava em ações sociais antes da pandemia, precisou se reinventar e agir de forma emergencial para atender a outros tipos de necessidades que surgiram ao longo desse ano. A ONG Cores do Amanhã, que funciona no bairro do Sancho, na Zona Oeste do Recife, oferece atividades artísticas e culturais aos moradores, mas precisou suspender as atividades desde março. Apesar disso, as portas não ficaram fechadas e a instituição continuou atendendo a comunidade com a entrega de cestas básicas. Os alimentos foram doados por empresas e voluntários. As doações aconteceram de março a setembro e mais de cinco mil cestas básicas foram distribuídas.

“Para mim, a doação chegou em boa hora. Antes, eu trabalhava como auxiliar em uma escolinha e meu marido como pescador, mas ficamos desempregados. A gente já era atendido pela ONG. Eu participava das aulas de artesanato e meu filho fazia Karatê. Com a paralisação, foi lá que consegui comida para a minha família”, comenta Rosiane Fernandes, 41.

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A ONG foi fundada há 11 anos, próximo ao Complexo Penitenciário do Curado, com o objetivo de oferecer aulas e oficinas a crianças, jovens, adultos e idosos moradores do entorno. Professores voluntários se dividem para ensinar balé, graffitagem, dança, karatê, jiu-jitsu, bordado, percussão, yoga e artesanato. Diante das limitações impostas pela pandemia, muitas famílias perderam o emprego e encontraram na instituição o apoio que precisavam.

Hildérica Pereira, 37, é autônoma e mora com o marido e dois filhos no Sancho. Com a diminuição no orçamento familiar antes de receber o auxílio emergencial, ela dependeu de doações. “A gente tinha uma renda que vinha da venda de cosméticos, que no início da pandemia caiu muito, e meu marido trabalha com instalação de box, e não apareceu serviço até junho. Agora, as vendas estão começando a surgir e ele também está com mais demanda. No início, o que nos salvou foi a cesta básica”, diz.

Com o passar dos meses, a fundadora da ONG Cores do Amanhã Jouse Barata, de 38 anos, notou que a mobilização arrefeceu, mesmo com a comunidade do entorno ainda precisando de ajuda. “Notamos que houve uma diminuição nos últimos meses. Acredito que pela diminuição dos casos, o retorno das atividades e até pelo aumento de preço de alguns alimentos, como o arroz, que encareceu a cesta básica, as pessoas pararam de doar. Mas lembramos que as famílias ainda estão precisando”, comenta a arte educadora.

Para Jouse, a pandemia demonstrou a importância da atuação das organizações não-governamentais, principalmente para as localidades onde vivem pessoas em situação de vulnerabilidade. “Através da ONG nós temos maior proximidade com os moradores, entendemos suas necessidades, porque também moramos aqui e sabemos que no nosso bairro, como em tantos outros do Recife, ainda tem muito a ser feito”, conta.

Como ajudar:

ONG Cores do Amanhã
Rua Garota de Ipanema
02 Totó
Instagram: @coresdoamanha
Telefone: 98876.3593
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