O Cruzeiro do Alto da Sé, em Olinda, foi depredado na madrugada do último sábado (8). Sem a famosa cruz histórica, erguida em calcário no Século 18 e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a paisagem do conjunto arquitetônico ficou incompleta. Nesta segunda-feira (10), técnicos da Secretaria de Patrimônio e Cultura do município irão começar a avaliar o prejuízo e como viabilizar a restauração do monumento. Por enquanto, não há prazo de recuperação, mas a pasta diz que buscará ajuda para restaurar “o mais rápido possível”. Enquanto isso, comerciantes próximos são taxativos ao avaliar o ocorrido: só quebrou por falta de fiscalização efetiva.
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Restauração do Cruzeiro do Alto da Sé ainda não tem data nem custo estimado
O responsável pelo ato foi identificado rapidamente. Segundo a pasta, ele estaria sob efeito de drogas quando subiu em cima da cruz, que não aguentou o peso e cedeu. Um pedaço do monumento caiu, esmagou dois de seus dedos do pé e quebrou-lhe a perna. Ele está internado no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, e deve passar por cirurgia nos próximos dias. As investigações estão sob responsabilidade da Polícia Federal (PF), que aguarda a recuperação do homem para colher seu depoimento.
“Foi um prejuízo para o povo pernambucano, né? Um monumento secular destruído por causa de irresponsabilidade de alguém”, comenta o secretário de Patrimônio e Cultura de Olinda, João Luiz. Ele explica que a equipe da prefeitura recolheu os escombros do cruzeiro ainda no sábado, logo depois da perícia da PF. “Vamos levar para o laboratório de restauro. Os técnicos, com ajuda de arqueólogos, arquitetos, engenheiros e químicos, irão fazer o processo de recuperação da peça para tentar deixá-la nas mesmas características da época”, conta.
O custo e a duração da obra de reparo ainda não foram feitos. “Só depois do levantamento do dano e do estudo dos técnicos que poderemos chegar a esses números. Mas já entramos em contato com o Iphan e o município também está disposto a arcar com o investimento necessário. Vamos fazer uma força-tarefa conjunta para viabilizar o mais rápido possível essa recuperação”, afirma.
Fiscalização questionada
Os comerciantes do Alto da Sé são unânimes: a cruz só foi quebrada porque não tinha fiscalização. Dono de uma barraca de artesanato vizinha do monumento, Gilson José da Silva aponta que há inércia do poder público. “Se a Guarda Municipal estivesse presente no momento, talvez não tivesse acontecido. Estamos precisando deles por aqui. E a fiscalização da Polícia Militar (PM) no fim das contas é só decoração. Hoje tem dois PMs aqui, mas de noite não tem ninguém”, lamenta.
Proprietário de uma barraca de doces, André Santana também lamenta a falta de vigilância. “Em partes isso é culpa da prefeitura. Ontem tinha a Guarda Municipal o dia todo, mas no dia anterior não tinha ninguém para cuidar disso aqui. E a guarita da PM, depois das 20h, não funciona. A gente fica sem assistência”, pontua.
A Prefeitura de Olinda e a PM rebatem. “A guarda fica fixada sim no Sítio Histórico. Tanto que o meliante foi descoberto pouco depois de ter depredado. Todo o conjunto arquitetônico é monitorado por vídeo e há as patrulhas móveis, que fazem rondas diuturnamente no perímetro do conjunto arquitetônico. E ter vigilante presencial 24 horas em um monumento é impossível, nenhum lugar do planeta tem. Perceba que nem as grandes cidades do mundo escapam de ataques de vândalos, porque esse elemento só ataca quando tem a oportunidade efetiva”, defende o secretário João Luiz.
Em nota, a PM informa que “diariamente, policiais militares da Companhia Independente de Apoio ao Turista (CIATur) patrulham na região em Guarnições Táticas e em motocicletas, além de contar com equipes do Grupo de Apoio Tático Itinerante que realizam rondas e abordagens no local”. Ainda, a instituição afirma que uma equipe da CIATur flagrou o momento do vandalismo: “de imediato ele foi preso pelo efetivo e levado para UPA da Tabajara e, posteriormente, transferido para o Hospital Miguel Arraes. Em seguida, o suspeito foi encaminhado para a delegacia da Polícia Federal”.
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Por fim, a PF reitera as informações já expostas ao longo da matéria. “Ainda não se sabe por qual motivo que levou o homem a destruir o cruzeiro. Um inquérito policial será instaurado e, após receber alta do hospital, ele deverá ser ouvido para prestar esclarecimentos sobre os fatos”. O crime investigado é o de destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico, previsto no artigo 165 da Lei de Crimes Ambientais (9.605/1998). Caso condenado, o homem pode pegar uma pena de seis meses de detenção a dois anos de prisão, além de multa.
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