Vida Urbana

Maior abrigo de idosos de Pernambuco suspende visitas e apela para doações

Tereza está comovida com as mortes em todo o mundo e afastada das sobrinhas.

A medida obedece a uma determinação do governo do estado para todas as instituições de longa permanência de Pernambuco. Os idosos são o principal grupo de risco para a doença provocada pelo coronavírus. A Espanha e a Itália, por exemplo, registraram aumento no número de casas de repouso dizimadas pela Covid-19. Não somente as visitas foram reduzidas. As doações diminuíram 90% diante da crise econômica instalada no país.

Tereza Peixe, 89 anos, anda chorosa com as notícias sobre a pandemia. “Que nada chegue aqui e que vá embora, desapareça do mundo. Eu assisto às notícias e fico comovida com tanta gente morrendo. Tenho medo dessa doença.” Antes do coronavírus, Tereza, que não casou e não teve filhos, recebia visita das sobrinhas ou mesmo passava dias na casa delas. Agora, mata a saudade por telefone. “Elas ligam, avisam que não podem vir, que não estão saindo de casa. Eu entendo.”

Marcel já não tem liberdade nem mesmo para ir ao banco sozinho e tem medo de pegar a doença.

Nos gabinetes do governo, uma nota técnica conjunta foi preparada por três secretarias do estado. O documento traz recomendações para essas instituições de idosos. Vão desde cuidados básicos com a higienização até procedimentos para identificar sintomas do vírus e suspensão das visitas até o controle da pandemia. “Existe uma recomendação para as secretarias municipais de saúde orientarem os abrigos. Até agora, não temos casos da Covid-19 entre os internos dos abrigos do estado”, diz o secretário executivo de Direitos Humanos, Diego Barbosa.

“A medida de suspender as visitas é um pouco dura, mas necessária, porque há uma recomendação mundial de isolamento. Sabemos que muitas vezes eles já estão abandonados e não não têm afeto. Quando suspende a visita, suspende também a de voluntários que, muitas vezes, fazem trabalhos recreativos. Em contrapartida, a recomendação é que gestores busquem medidas para viabilizar chamadas telefônicas e vídeo chamadas para essas pessoas, seja de familiares ou de voluntários, para preservar ao máximo a tranquilidade dos idosos”, explica Barbosa. As visitas somente são permitidas em casos extraordinários, como depressão dos internos, desde que se recomende o contato e o visitante não apresente sinais da doença.

Diante da pandemia, as doações andam escassas, seja em dinheiro, seja em mantimentos. As pessoas têm alegado a crise e as surpresas que podem surgir do ponto de vista econômico no país. “Ontem mesmo faltou bolacha salgada, que eles adoram”, disse Madalena Albuquerque, voluntária do setor de captação. O coordenador do abrigo, Manuel Jerônimo, disse que as contas não fecham sem o apoio da população. O abrigo é mantido com 70% da aposentadoria de cada interno e com as doações. É filantrópico e administrado pelo Rotary. Por mês, custa R$ 170 mil. “Precisamos de ajuda em dinheiro para custear os funcionários”, destaca Jerônimo.

As doações em dinheiro podem ser feitas no Banco do Brasil, agência 4118-1, conta 17111-5, cnpj 10424810/000129. O telefone do abrigo é o 81 9184-9555. Quem não puder levar os mantimentos, o Cristo Redentor envia um motorista à casa do doador. Ao todo, 40% dos idosos e idosas do Cristo Redentor não têm contato com a família. 30% são cadeirantes e 15% são acamados. Ao todo, o abrigo têm 82 funcionários e 25 voluntários. Pernambuco tem 112 Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e 3.683 pessoas abrigadas.

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