Vida Urbana

Pastor é indiciado por assédio a fiéis dentro de igreja na Zona Norte

Oito mulheres procuraram a polícia para reclamar de assédios e outros crimes sexuais cometidos por um pastor no Recife

O homem não prestou depoimento, alegando “problemas psicológicos”, mas foi indiciado diante da farta prova testemunhal obtida pela Polícia. “Inicialmente, a gente recebeu em janeiro um grupo de sete mulheres. Posteriormente, uma oitava vítima mandou um e-mail para a Ouvidoria do Estado de Pernambuco, narrando que também foi alvo dele”, explica a delegada Bruna Falcão.

Apesar das oito queixas, somente quatro inquéritos foram abertos. Três casos já estavam prescritos por causa do tempo em que aconteceram (1996, 2006 e 2008) e um foi relatado por e-mail, por uma vítima que mora fora do Brasil. Segundo a delegada Bruna, os quatro inquéritos são referentes a assédios ocorridos entre 2018 e 2019. 

As vítimas não se conheciam nem tinham qualquer relação de amizade entre si. O assédio do pastor era a única coisa em comum. E pior: como vinha de um religioso, muitas não acreditavam que tinham passado por uma situação abusiva. “Nos atendimentos no gabinete pastoral, ele relacionava todos os problemas que aquelas mulheres relatavam à sexualidade, sugerindo práticas sexuais como forma de terapia. Era sempre o mesmo modo de proceder”, discorre a delegada.

“É um homem prestigiado dentro da comunidade evangélica. Muitas duvidavam de si mesmas. Até que uma delas falou com o marido o que aconteceu. Ela foi alertada e procurou o conselho de líderes da igreja para dizer que iria deixar de frequentar a congregação pelo ocorrido. O assunto começou a ser comentado, outras mulheres foram se reconhecendo como vítimas e, nisso, se formou um cordão de mulheres em busca de ajuda”, acrescenta Bruna Falcão. 

Delegada Bruna Falcão.

“Não há elementos que nos levem a duvidar da veracidade desses atestados, que dizem que a condição psiquiátrica dele é de depressão severa, que ele está fazendo uso de medicamentos e não tem condições de exercer suas atividades normalmente. Os afastamentos começaram em dezembro do ano passado”, revela Bruna.

Entretanto, os quatro inquéritos foram concluídos com acusação ao pastor. “A materialidade foi constituída por depoimentos. Todos os inquéritos tiveram farta prova testemunhal e estão bem instruídos”, conclui a policial.

A advogada que representa o pastor, Aline Coutinho, foi até a delegacia de Santo Amaro na manhã desta sexta. Mas saiu sem falar com a imprensa. 

Em nota, a Convenção Batista de Pernambuco afirma que “intimou o pastor a esclarecer os fatos, tendo ele solicitado afastamento e exoneração da direção da referida igreja, já devidamente homologada pela sua assembleia geral” e que está prestando “toda a assistência possível às pessoas que foram envolvidas, conforme os relatos recebidos”. 

“A Convenção Batista de Pernambuco defende a orientação bíblica da prática sexual apenas dentro do relacionamento conjugal e não compactua, de maneira alguma, com os atos ora aludidos, contra qualquer que seja. Esperamos que as denúncias sejam devidamente apuradas, respeitado o direito de defesa do acusado, e, no caso da comprovação das acusações, definidas as consequentes punições”, pontua a nota.

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