Dor
Indignação marca enterro de criança vítima de bala perdida no Cabo
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 27/01/2020 20:07
Colegas de escola da menina Ellen Vitória prestaram homenagem à menina no cemitério. (Foto: Bruna Costa/Esp. DP.) |
O corpo foi velado pela manhã na funerária Safpe, no Centro do Cabo. De lá, foi montado um cortejo, que passou pela Praça do Jacaré e encerrou no Cemitério São João. A mãe de Ellen, Cícera Silva, estava revoltada. “Minha filha não merecia um negócio desse, não. Minha filha era querida, meu Deus. Não era para ela estar aqui”, disse, com o peito cheio de dor. Cícera não conseguiu acompanhar o sepultamento até o fim, tendo sido retirada do local. Outras pessoas também tiveram crises nervosas durante o enterro - duas mulheres chegaram a desmaiar.
Ellen Vitória iria cursar o 5º ano do ensino fundamental em 2020, na Escola Municipal Paulo Salgado. De acordo com familiares, o material escolar já tinha sido comprado e ela aguardava o início do novo ano letivo. Colegas de sala da menina foram até o cemitério prestar homenagem, com cartazes de protesto contra a violência e pedindo justiça. “Que Jesus guie ela como um anjo”, comentou estudante Jamerson, uma das crianças presentes.
Mãe de Jamerson, a dona de casa Ana Paula de Jesus cobrou mais segurança no bairro da Charnequinha. “Lá está tomado pelos bandidos. Policiamento não tem nas ruas e o tráfico está tomando conta de tudo. Todo dia tem tiroteio por causa de boca de tráfico”, reclamou. “Depois das 18h, ou até mesmo durante à tarde, já não tem gente na rua. A gente tem que ficar trancado dentro de casa, como se nós que fossemos os bandidos”, acrescentou.
"Minha filha não merecia um negócio desse", disse Cícera Silva, mãe da menina Ellen Vitória. (Foto: Bruna Costa/Esp. DP.) |
Também pedindo para não ser identificado, outro morador da Rua da Linha endossou a queixa. “Desde a quinta-feira (23) o pessoal vem trocando tiro por aqui. E o povo que está pagando um alto preço. Que o diga a menina Ellen”, comentou.
Em nota ao Diario, a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) explicou que “o policiamento ostensivo no bairro de Charnequinha é realizado pelo 18º BPM através de equipes em motocicletas, além da Contra Resposta e do Grupo de Apoio Tático Itinerante. A Unidade conta ainda com o reforço do Batalhão de Trânsito, que realiza rondas em toda região”.
Já a Polícia Civil, também em nota, limitou-se a dizer que investiga a morte da criança: “as investigações seguirão até a completa elucidação do crime”. O inquérito está sob responsabilidade do delegado Caio Morais.
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