Vida Urbana

Antiga área de lixão de São Lourenço da Mata será reflorestada

Por pelo menos 25 anos, uma área de Mata Atlântica, calculada em cerca de um hectare, foi destruída em função do descarte irregular de resíduos de uma cidade inteira. O freio no processo de degradação ambiental somente se deu em 2018, quando o lixão de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, foi, em parte, desativado, assim como determinou o Ministério Público de Pernambuco para todo o estado. Na última sexta-feira, mais um passo foi dado para a recuperação da área.

A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) autorizou a execução do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad) apresentado pela prefeitura. A ideia é devolver à população uma área reflorestada com plantas endêmicas da Mata Atlântica. Se tudo correr conforme o programado, em agosto a ação já estará executada. Já as primeiras árvores poderão ser vistas em três anos, quando deverão estar com cerca de um metro de altura.

O secretário municipal de Infraestrutura, Sérgio Machado, informou que, dentro de 180 dias, apresenta um projeto de recuperação do lugar, lança a licitação, escolhe a empresa e apresenta o serviço pronto. O valor da licitação ainda vai ser definido. Hoje, o antigo lixão ainda recebe restos de metralha, móveis e eletrodomésticos e podas de árvores. Os resíduos orgânicos, explica Machado, seguem para o Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) de Candeias, a 23 quilômetros da cidade.

Manuel Flor de Santana, 57, é vigilante, mas, nas horas vagas, busca plástico descartado no antigo lixão para revender. Um quilo custa R$ 0,60. Ele costuma usar botas, luvas e uma máscara no rosto durante o serviço. Em meio às buscas, ainda é possível ver sacos contendo resíduos orgânicos oriundos de residências. “Fazemos conscientização junto aos moradores para eles não descartarem seus resíduos em meio às podas e metralhas, mas muitos ainda fazem isso”, criticou Gérson Vicente, da Agência Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Meio Ambiente e Agricultura (Adesma).

O município também conta com uma associação de catadores de recicláveis, no bairro de Várzea Fria, onde a prefeitura cedeu um espaço para a categoria. Um acordo firmado entre o município e os trabalhadores permite que todo o descarte realizado em eventos seja encaminhado para a associação. Hoje, cada um deles apura um valor mensal em torno de R$ 700. O material enviado para o antigo lixão também é entregue aos catadores da associação.

No processo de restauração da área degradada, estão previstas arborização urbana, instalação do plantio, sementeira, central de triagem e resíduos sólidos. O material oriundo de metralha, por exemplo, será triturado e vendido como areia reciclada ou na fabricação de tijolos para construção de casas populares. Além do eucalipto e mangueira, está previsto o plantio de espécies nativas.

A autorização da CPRH tem validade até 2 de dezembro deste ano. O órgão exige, entre outras coisas, que a prefeitura apresente semestralmente o Relatório de Monitoramento Ambiental do Lixão, contendo as ações previstas no plano de gestão; e atenção para o surgimento de construções nas áreas vizinhas, cuja distância deve ser superior a 500 metros dos núcleos habitacionais em relação ao antigo depósito de dejetos.

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