Vida Urbana

Pescados e crustáceos do litoral pernambucano são liberados para consumo

Sinal verde para o consumo de pescados do litoral pernambucano. Nesta terça-feira, foi divulgado o resultado da análise de 13 peixes, duas espécies de camarão, além de marisco, ostra e sururu, realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) em parceria com as universidades Federal e Federal Rural de Pernambuco. Segundo a pesquisa, 53 das 55 amostras analisadas apresentam níveis de toxicidade em benzo[a]pireno abaixo dos recomendados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ou seja, estão propícias para alimentação. Apenas duas unidades de peixe indicaram alerta pelo elevado nível de toxicidade: xaréu e sapuruna. O Governo do Estado recomendou que, até que novas análises sejam realizadas, essas duas espécies sejam evitadas pela população. 

Os resultados, no entanto, não são definitivos. Durante três meses, essas mesmas espécies serão sistematicamente avaliadas. Após esse período, o monitoramento permanecerá apenas nos grupos de animais marinhos que levantaram algum alerta de toxicidade e nos que vivem nos estuários. O próprio xaréu e sapuruna, por exemplo, estão sendo reavaliados para confirmar se o consumo deve permanecer suspenso ou pode ser liberado. “Foram analisados seis unidades de xaréu. Dessas, cinco apresentaram resultado normal e uma com nível de toxicidade elevado. Mas existe uma grande possibilidade de que esse animal com alto HPA tenha ficado exposto ao óleo por mais tempo dentro de um curral em alto mar. Não significa que toda a espécie estará condenada”, explicou o professor do Departamento de Oceanografia da UFPE, Gilvan Yogui. 

Já no caso do sapuruna, foram analisadas três unidades da espécie e apenas uma apresentou um resultado desfavorável ao consumo. “Mas isso não significa que se porventura alguém comeu algum desses peixes terá câncer. Porque o próprio corpo do ser humano tende a eliminar as toxinas”, tranquilizou a professora do Departamento de Biologia da UFRPE, Karine Magalhães. Ela está coordenando a equipe técnica do grupo de trabalho de análise dos pescados. Novas coletas também serão feitas nas proximidades da Ilha de Itamaracá, onde as primeiras amostras foram obtidas. “Como essas áreas apresentavam manchas visíveis de óleo na época da coleta, essa contaminação pode ter sido pontual. Nesse caso, a indicação é voltar a essas localidades, coletar novas amostras para realizar novas análises e avaliar a evolução do quadro”, explicou. 

Até o momento foram analisadas 55 amostras das 94 enviadas à PUC-RJ. Elas contemplam 13 espécies de peixes (ariocó, boca torta, budião, carapeba, cavala, cioba, coró, manjuba, sapuruna, saramunete, serra, tainha e xaréu), duas espécies de camarão (camarão rosinha e camarão sete barbas), além de marisco, ostra e sururu. “Algumas espécies não foram analisadas mas já foram coletadas e enviadas ao Rio de Janeiro. Mas com o resultado que temos podemos confiar que o consumo é seguro”, reforçou Karine. 

Os lotes analisados foram coletados diretamente com pescadores artesanais em cinco localidades do litoral pernambucano: Cabo de Santo Agostinho, Canal de Santa Cruz, Ilha de Itamaracá, Sirinhaém e Tamandaré. “Coletamos as espécies mais importantes nas localidades mais representativas para a atividade pesqueira pernambucana, priorizando no primeiro momento os locais atingidos pelas manchas de óleo em maior intensidade”, disse o secretário de Desenvolvimento Agrário do estado, Dilson Peixoto. O Governo do Estado garantiu ainda que os resultados completos serão publicados em hotsite a ser divulgado posteriormente. Os dados de todas as localidades pesqueiras cujas informações ainda não apareceram na pesquisa também serão divulgados até no máximo três semanas. 

Governo espera que população volte a consumir pescados

O resultado da análise dos pescados era uma informação bastante aguardada por consumidores mas sobretudo pela cadeia produtiva da fauna marinha. Desde que o litoral pernambucano foi atingido pelo derramamento de óleo, no último mês de setembro, a venda de peixes, crustáceos e moluscos caiu consideravelmente, afetando a renda e a vida de comunidades inteiras pescadores. Com a liberação do consumo dos pescados, a expectativa do Governo do Estado é de que a população volte a consumir dos pescadores artesanais aos poucos. 

No mesmo dia em que é divulgado o resultado da análise dos pescados, o Governo Federal anunciou que apenas 4.236 dos 11,3 mil pescadores pernambucanos terão direito ao auxílio emergencial pecuniário, criado na semana passada pela Medida Provisória nº 908/2019. O auxílio será pago aos pescadores inscritos no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), cujo cadastro está suspenso desde 2012. Segundo o Governo Federal, o pagamento desse auxílio emergencial não interfere no recebimento do seguro defeso e corresponde ao valor total de R$ 1.996, que será dividido e pago em duas parcelas de R$ 998.

“Desde que as manchas de óleo apareceram não há efetivamente consumo de peixe. E esse passivo do que os pescadores deixaram de vender deve ser resolvido pelo Governo Federal. Por recomendação do Comitê da Pesca, as colônias de pescadores fizeram um cadastramento e levantaram algo em torno de 11,3 mil em Pernambuco. Todos eles precisam receber. Por isso o senador Humberto Costa apresentou uma emenda à MP 908/2019 para que o pagamento seja feito baseado nas informações desse cadastro. E nós torcemos para que a população volte a consumir os pescados e que os pescadores voltem a ganhar suas rendas”, disse o secretário estadual de Desenvolvimento Agrário do estado, Dilson Peixoto. 

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