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Educação

Universidade Católica inova na formação de professores

A Escola de Educação e Humanidades, lançada nesta quinta (17), aposta na articulação teoria-prática, envolvendo tecnologia, questões socioambientais e empreendedorismo

Publicado em: 18/10/2019 11:18 | Atualizado em: 18/10/2019 11:27

O projeto da Escola contou com participação de Danilo Vaz-Curado, Vital Cunha, Andréa Câmara, Degislando Nóbrega e Carlos Jahn. Foto: Leandro de Santana/DP

Tradicional na formação de educadores desde a sua fundação, nos anos 1940, a Universidade Católica de Pernambuco lançou ontem a Escola de Educação e Humanidades, dedicada a promover a formação profissional de professores e articular debates teórico-metodológicos em torno dos processos de produção de conhecimento nos dias atuais. Reunindo demandas da sociedade contemporânea e macrotendências do setor, como o domínio de novas tecnologias e habilidades, a Escola nasce destacando a ampliação do portfólio de licenciaturas na modalidade EaD (ensino a distância) e a reformulação dos currículos nas modalidades tradicionais. “A Escola não consiste num novo prédio, numa nova estrutura física. Ela é uma instância articuladora, um ecossistema de articulação de todas as atividades que envolvem a educação, das licenciaturas aos programas de pós-graduação, representando uma nova dinâmica na articulação de formação de professores”, explica o pró-reitor de Graduação e Extensão da Unicap, Professor Dr. Degislando Nóbrega.

Para ele, a inauguração da Escola deve ampliar o número de professores capacitados no mercado e reforçar, ainda, o posicionamento da instituição em favor da valorização da educação no país. “Nesse momento, o papel da universidade é indispensável. Na contramão de políticas recentes, hostis em relação à educação, nós temos procurado apoiar a formação de novos professores. Temos concedido bolsas para fomentar o ingresso de estudantes que se sentem vocacionados para o ensino. Faz alguns anos que a universidade concede, em caráter extraordinário, bolsas significativas para todas as licenciaturas”, pontua Degislando. “Sem pedagogos e educadores que possam ocupar espaços nas redes educacionais, como ficará a nossa educação? Qual será o futuro do país? Precisamos de gente interessada, com gosto e competência para formar nossos filhos e netos. Agora é a hora de aprofundar esse nosso papel na sociedade. Não apenas facilitando o acesso, mas inovando na maneira de formar novos professores”, avalia.

Foi nesse contexto de inovação que os projetos pedagógicos das dez licenciaturas plenas ofertadas pela Unicap foram revitalizados com currículos organizados por competências, privilegiando o “saber fazer” e a aplicação prática dos conhecimentos. Na modalidade EaD – disponível na capital pernambucana, em João Pessoa (PB) e em Fortaleza (CE) – a universidade passou a oferecer sete opções de segundas licenciaturas (biologia, matemática, química, filosofia, história, português e pedagogia), três cursos de formação de professor (biologia, química e filosofia), um bacharelado (teologia) e uma licenciatura plena (ciências da religião).

Aliando teoria e prática, currículos organizados por competências dão novo vigor à tradição das licenciaturas na Unicap. Foto: Leandro de Santana/DP

“Nossa universidade chegou aos 75 anos com o conceito máximo e, agora, atendendo às novas demandas, aposta na inovação e na reestruturação universitária. A partir das Escolas, temos o desafio de articular graduação e pós-graduação, mercado de trabalho e compromisso social, pesquisa e extensão. Nesse cenário, a Escola de Educação e Humanidades é matricial para a universidade do futuro e o futuro de nossa universidade”, observa o Reitor P. Pedro Rubens. Além de novas práticas teórico-metodológicas, a Escola de Educação e Humanidades deve apostar numa maior sinergia entre as licenciaturas, na articulação teoria-prática envolvendo tecnologia, direitos de 4ª geração, questões socioambientais e empreendedorismo, com foco na aprendizagem e gestão da aprendizagem.

“A grande tendência de hoje é a relação entre teoria e prática. Que sempre representou um desafio, mas hoje é mais forte. Os jovens estão ávidos por aplicações práticas, querem fazer acontecer, têm sede de agir, são protagonistas do processo de aprendizagem. Na reestruturação das licenciaturas à base de competências, tiramos o foco do 'conteudismo' e priorizamos o saber fazer, saber ser, saber conviver. Queremos habilitar o aluno a lidar com problemáticas concretas da cultura, da realidade socioeconômica do nosso tempo”, detalha Degislando Nóbrega. Com o projeto, inaugurado na presença de autoridades, da reitoria, de diretores dos centros e coordenadores de curso, a Unicap lança luz sobre uma tradição de mais de sete décadas na formação de educadores, dando novo vigor a um de seus principais legados institucionais.

>> SERVIÇO
Escola de Educação e Humanidades
Universidade Católica de Pernambuco
R. do Príncipe, 526 - Boa Vista
(81) 2119-4016

Degislando Nóbrega, pró-reitor de Graduação e Extensão da Unicap. Foto: Leandro de Santana/DP
>> ENTREVISTA: Professor Dr. Degislando Nóbrega, pró-reitor de Graduação e Extensão

Qual a importância da Escola para o futuro da Unicap e da educação nacional?
A carreira do professor ainda é bastante desvalorizada. Vemos, atualmente, uma tendência de hostilizar a ciência e o conhecimento. Queremos, com esse gesto, marcar nossa posição em termos de valorização da docência, do ensino, da ciência e, em resumo, da educação como ferramenta singular e indispensável para a transformação do país. 

Como participar da Escola de Educação e Humanidades?
O ingresso para os cursos será através do nosso vestibular, realizado em dezembro. Todas as licenciaturas presenciais estarão no portfólio de ofertas de vagas. Os interessados na segunda formação, que se destina a portadores de diploma que queiram se habilitar como docentes, poderão ingressar em 2020 como portadores de diploma. Antes, existia apenas duas licenciaturas nesse formato. Agora serão sete licenciaturas nessa condição. O ingresso nesses cursos não se dá pelo vestibular. Será aberto em janeiro.

Quais as principais novidades no processo de formação de professores?
O que pesa agora é a inovação, a reconfiguração da nossa dedicação à formação dos professores. A Escola é um ecossistema que renova essa nossa tradição e avança no sentido de qualidade. Atentos ao contexto atual, marcado pela presença da tecnologia, pela sede do saber fazer, nós estamos inovando. Queremos estreitar a relação entre a academia e as redes de ensino do estado, da prefeitura e do segmento particular. Queremos que as demandas e desafios do cotidiano, das politicas públicas em relação à educação, entrem cada vez mais no cotidiano de nosso processo formativo de professores. O gosto pelo ensino e a constante pesquisa devem ser priorizados, de modo a que a formação do professor esteja antenada com as demandas da sociedade. 

De que tipo de professor a sociedade contemporânea precisa?
De atitude ética, habilidade para lidar com adversidades, competência para compreender o papel de sujeito dos alunos no processo formativo. Os jovens já têm acesso a muitas informações, eles se sentem cada vez mais protagonistas. Isso exige o desenvolvimento de habilidades que capacitem o professor a ser mediador, em vez de um transmissor do conhecimento. Cabe ao professor facilitar a sistematização crítica das informações que já estão disponíveis e dispersas, descontextualizadas. 

E qual o impacto social dessa iniciativa?
O impacto social é que a gente contribui com o país e com Pernambuco, ampliando o número de docentes habilitados. É muito comum, sobretudo no interior, que o estado tenha que compor o seu quadro com pessoas que têm gosto pelo ensino, mas não têm a licenciatura adequada para as matérias em que atuam. Nesse sentido, podemos ir mais longe: com a modalidade EaD, conseguimos atingir outros lugares, facilitando o acesso, a obtenção dessa habilitação como professor na matéria em que aqueles profissionais já atuam.

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