“Diziam que era da equipe do site, que como estava tendo muitos golpes, iam mandar um número de verificação para mim. No que esse código chegou, contei para eles e a ligação caiu”, afirma. Cerca de dez minutos após, o mesmo número telefonou novamente para o celular do empresário, dessa vez questionando se ele tinha recebido um e-mail de confirmação de conta. “Percebi que a pessoa tinha a fala um pouco ansiosa, rápida. Ficava me induzindo, repetidamente, a clicar nessa mensagem”, acrescenta.
Foi aí que Gustavo percebeu que caiu em um golpe. “Quando cliquei, apareceu um endereço do WhatsApp, que dizia que eu havia desativado a verificação em duas etapas de minha conta. E a partir de então não conseguia mais usar o aplicativo”, lamenta. “Comecei a receber ligações e descobri que estavam mandando mensagens, se passando por mim, em que pediam para transferir dinheiro. Todo mundo que ligava, eu tinha que explicar a história novamente. Pedi ajuda a minha esposa, para ela avisar a amigos e nos grupos do app que eu tinha sido vítima de golpe”, conta.
Problema semelhante foi vivido pela veterinária Ramona Bastos, 28. Ela mora no interior de São Paulo e estava viajando para Recife, quando teve sua conta de WhatsApp roubada. “Eu estava usando o wi-fi do Aeroporto Internacional de Guarulhos. De repente, não consegui mais usar o aplicativo. Lembro que na época do ocorrido estava com anúncio num site de vendas, e tinha recebido um e-mail pedindo confirmação de conta”, recorda.
“Quando perdi o acesso ao WhatsApp, minutos depois as pessoas começaram a me ligar questionando sobre pedido de transferência de dinheiro, achando estranho o jeito que eu estava escrevendo as mensagens. Como ainda estava no aeroporto e tinha acesso a outras redes sociais, fiz postagens alertando que era golpe”, discorre.
Ninguém que recebeu mensagens de Ramona e Gustavo chegou a fazer a tal transferência. Mas ambos tiveram muita dor de cabeça, visto que perderam acesso às suas contas e contatos e tiveram que comprar um novo chip. “Registrei um boletim de ocorrência virtual na Polícia Civil de São Paulo, já que o crime aconteceu quando eu ainda estava por lá. Mas não recebi nenhum tipo de assistência do WhatsApp. Até hoje espero responderem o e-mail que mandei”, reclama.
Diferentemente da veterinária paulista, Gustavo não procurou as autoridades. “Eu sei que é o certo, mas, sinceramente, não acredito que vá dar em algo. Quando liguei para minha operadora, disseram que não tinha muito o que fazer, já que cancelar o chip não ia fazer cancelar a conta no WhatsApp. Eu entrei em contato com eles, mas só recebi uma mensagem padrão”, explica. O Diario procurou o delegado de Crimes Cibernéticos Eronides Meneses, mas não conseguiu um retorno.