Turismo criativo
Projeto propõe turismo além da contemplação
Por: Rosália Vasconcelos
Publicado em: 02/08/2019 17:58
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O Recife é a primeira cidade brasileira a integrar a Creative Tourism Network (Rede Internacional de Turismo Criativo), através do projeto Rede Nacional de Turismo Criativo do Brasil (Recria), iniciativa nascida e desenvolvida na capital pernambucana desde 2017 mas com atuação nacional. A proposta do turismo criativo é tirar do viajante o papel de mero espectador dos lugares por onde passa e permitir que ele participe ativamente das experiências que vivencia.
No Brasil, a ideia do turismo criativo ainda é uma proposta incipiente, mas o conceito, criado em 2010 na Europa, é amplamente difundido em várias partes do mundo, sobretudo entre os europeus. A certificação internacional dá visibilidade mundial aos produtos turísticos com viés criativo no Recife e permite ações de fomento, capacitações e trocas de experiências com outras cidades do mundo incluídas na rede.
Ontem, para celebrar a chancela do Recife na Crea- tive Tourism Network através, foi realizado um evento no Espaço Cultural Ceça, no bairro da Boa Vista, com agentes públicos do setor de turismo, empreendedores sociais da área e pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco, que têm se debruçado cientificamente sobre o movimento. Na capital pernambucana, são oito produtos formatados sob o conceito de turismo criativo, entre eles, imersão no dia a dia da comunidade da Ilha de Deus, vivência com setores culturais da Bomba do Hemetério e roteiros turísticos sobre bicicleta através da La Ursa.
“O turismo criativo muda a lógica vertical do turismo convencional, em que a riqueza gerada f ica apenas com as grandes empresas. O turismo criativo junta afetivamente o pequeno empresário com o visitante e a riqueza gerada é distribuída de forma justa. Acaba sendo u ma p ol ít ica de t u r ismo mais inclusiva e ainda ajuda a revelar a essência da cidade de dentro pra fora”, diz uma das fundadoras do Projeto Recria, Karina Zapata. Com o ingresso na Creative Tourism Network, Recife se soma a destinos importantes do turismo criativo, como Barcelona (Espanha), Paris (França), Amsterdã (Holanda), Ibiza (Espanha), Bangkok (Tailândia), Quito (Equador) e Medellín (Colômbia).
Além da experiência do fazer, ou da coparticipação do viajante, o turismo criativo pressupõe garantir também a inclusão social. No caso da Ilha de Deus, por exemplo, os visitantes podem ter a experiência de vivenciar o dia a dia de uma comunidade que vive quase que exclusivamente da pesca, seja catando e limpando marisco, preparando e/ou degustando pratos cuja matéria prima veio dos pescadores do lugar. Depois de se capacitarem dentro do conceito do turismo criativo, a Ilha de Deus abriu um hostel e o Bistrô da Negra Linda, que recebem até 200 turistas por mês.
Vencedora do Tourism Awards 2018, prêmio internacional que elege as melhores práticas que impulsionam o turismo criativo no mundo, a Recria também tem influenciado as políticas públicas do Recife, tendo participado da construção do Plano de Turismo Criativo do Recife e sendo uma das inteligências do Conselho de Turismo do Recife (Conture).
Para a secretária municipal de Turismo, Ana Paula Vilaça, dentro desse processo o poder público tem como um dos papéis apresentar aos cidadãos e despertar o interesse nesse novo formato do turismo e sua importância para a cultura e a economia da cidade. “Primeiro, nós estabelecemos o Plano de Turismo Criativo do Recife no fim do ano passado. E com isso, temos norte, metas, ações, estratégias. Então, desde escolas com a formação para entendimento do que é turismo criativo, até empreendedores, a gente capacita, articula e fazemos a promoção também. A nossa campanha institucional tem a figura da Negra Linda que é da Ilha de Deus. Nós fazemos ações efetivas. No Plano de Turismo Criativo temos 52 ações, a serem implementadas entre 2019 e 2021 e algumas já foram efetivadas”, explicou Vilaça.
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