Orla de Boa Viagem se torna palco de esculturas

“Tenho uma barraca de camping e fico aqui para garantir que ninguém suba ou algum animal caminhe por cima. Mas se o mar chegar até aqui não tem o que fazer, é com Deus”, contou. Não demora muito para as pessoas se aproximarem para fotografar a escultura ainda inacabada. Com um cartaz, o artista avisa que é da cidade de Ferreiros, na Zona da Mata, a 108 quilômetros do Recife. Além de Recife, ele costuma levar sua arte para João Pessoa e Maceió. 

“Eu venho apresentar minha arte para as pessoas me ajudarem. Mas o meu sonho é pintar em telas, mas não tenho dinheiro para comprar material”, contou. A ajuda vai chegando aos pouquinhos. Dayane Prantl, 31 anos, do Paraná, ficou impressionada com a riqueza de detalhes; “Um trabalho tão bonito para ser todo desmanchado depois. É muita vocação e admiro a determinação dele”, contou a turista, que ajudou na caixinha de colaboração. 

---

O segredo, segundo ele, está em manter a escultura hidratada. Ao contrário do que se possa imaginar a água do mar na dosagem certa ajuda a manter a uniformidade dos desenhos. Pelo menos quatro vezes por dia ele faz o esguicho de água com uma garrafa pet com vários furos para a água ser liberada aos poucos. “Se deixar a areia secar muito a escultura se desmancha com a ventania”, explicou. 

Essa não foi a primeira vez que o escultor apresentou seu trabalho na areia da praia de Boa Viagem. No ano passado, ele escolheu o mês de dezembro para aproveitar as festas de fim de ano. “Eu fiz um presépio e as pessoas gostaram muito”, disse. O tempo de permanência em cada lugar depende do que render na generosidade das pessoas. “Esse da cidade imaginária eu espero manter até segunda ou terça-feira, vai depender da colaboração das pessoas”, avisou.