Histórias de superação se cruzam na abertura da Semana da Pessoa com Deficiência

Durante a ação cultural, promovida pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ), Herica mostrou suas habilidades com o karatê - ela é faixa preta na categoria. “Luto há dez anos e gosto muito. Já ganhei medalha e tudo”, diz, orgulhosa. Portadora da síndrome de down, desde cedo foi estimulada pela mãe a se desenvolver. Agora, ela se prepara para trabalhar em uma farmácia, seu segundo emprego. “Tudo que minha mãe descobre, ela me leva”, conta.

“Há o déficit cognitivo. Mas quem é deficiente não é sem noção. É só você puxar e mostrar direitinho como as coisas funcionam”, explica a dona de casa Josiane dos Santos, 59, mãe de Herica. As duas moram juntas em Dois Unidos, Zona Norte da capital. Ela é prática sobre a condição da filha: “Chorar não resolve. Gritar também não. Tentar desistir, nem pensar. Tem que enfrentar e procurar o que é melhor para a pessoa”.

Desde que a jovem nasceu, Josiane passou a viver em função dela. “Você tem que escolher. E eu não me arrependo. Hoje eu poderia estar aposentada, mas e ela? Será que teria aprendido a falar? A decidir? Eu praticamente morava na rua, porque ficava o dia inteiro atrás de atividades para ela. Nunca a escondi”, recorda.

Além do karatê, Herica faz parte de um grupo de dança, que se apresentou no Parque 13 de Maio. “Tudo que ela faz, ela se dedica profundamente”, orgulha-se Josiane, ao ver a filha dançar.

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Redescobrir-se

Em outra parte do parque, Thiago Dantas acompanhava a demonstração de habilidades de Herica e outras atividades. “É importante estar aqui, junto com essa turma que faz parte da minha vida. Para mostrar ao público que somos capazes de tudo”, destaca. Cadeirante, Thiago faz parte da equipe de educadores da Operação Lei Seca.

“Nós, que fazemos parte da operação, trabalhamos com palestras em escolas e empresas, ações de rua, para conscientizar as pessoas. Sentimos na pele como é duro e conseguimos passar a realidade para elas”, menciona. 

Em 2001, Thiago sofreu um grave acidente. “Eu era super irresponsável. Tinha 21 anos, estava naquela fase que achava que ‘nunca ia acontecer nada’. Naquele dia, eu estava trabalhando e parei em um bar. Tomei algumas cervejas, fiquei bêbado, mas não me importava. Achava até que era melhor dirigir embriagado. Aí peguei o carro, cochilei na direção e desci o barranco da estrada de Ponta de Pedras, capotando o carro”, recorda. 

Ele sofreu uma lesão na medula e nunca mais voltou a andar. “Passei quase 10 anos sem sair de casa, triste. Mas aí consegui descobrir que a vida não tinha acabado. Voltei a trabalhar, estudar”, menciona. 

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Ações 

A presença de histórias como as de Thiago e Herica mostram a importância de se fortalecer e incluir o portador de deficiência na sociedade. “Hoje no parque foi apenas o lançamento. Teremos várias ações, em diversos municípios, envolvendo empregabilidade, fortalecimento de associações”, explica o superintendente estadual de Pessoa com Deficiência, Edmilson Silva.

Na agenda da Semana Estadual da Pessoa com Deficiência, está prevista para quarta (21) e quinta (22) a V Conferência Municipal da Pessoa com Deficiência, no Recife Praia Hotel, que fica no Pina, Zona Sul do Recife. Ainda, no dia 22, a Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência (SEAD) promove uma formação em elaboração de projetos em sua sede, localizada em Santo Amaro.

Próxima semana, na terça (27), a capital pernambucana recebe o Seminário Estadual da Pessoa com Deficiência. O encontro acontece das 8h às 13h, na Rua Barão de São Borja, 427, Boa Vista. A programação completa você confere neste link.