Em 2010, os índices de crianças vivendo na pobreza quase duplicava quando se comparavam brancos e negros. Além de serem submetidas a condições precárias de vida, essas crianças enfrentam desde cedo contextos que as diminuem enquanto seres humanos. “Quando se fala sobre primeira infância, pensamos naquela família de comercial de margarina, mas a gente precisa ter múltiplos olhares, pois a infância é múltipla. Uma mulher preta que engravida fica duas vezes nervosa: com a gestação e porque vai parir uma criança que, se for menino, pode vir a ser confundido com bandido, e se for menina, viverá a vulgarização do corpo da mulher negra”, afirma a contadora de histórias, pedagoga e empreendedora social criadora do canal Caçando Estórias, voltado à disseminação de conteúdo literário que referencia a matriz africana, Kemla Baptista.
Confira entrevista com Kemla Batista:
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Para Kemla, trabalhar a autoestima na primeira infância significa encarar o racismo, a dilaceração das famílias em situação de pobreza, a falta de formação dos educadores na questão étnico-racial e a ausência de representatividade na mídia. “São questões que têm impacto direto na autoconfiança. A criança precisa da percepção de quem ela é. É necessário um olhar atento, vigilante e carinhoso para pensar a diversidade infantil, considerando pretos, indígenas, orientais e outros.”