Vida Urbana

Edifício Califórnia, em Boa Viagem, é marco de resistência

Desenhado por Acácio Gil Borsoi, o Califórnia é marco da arquitetura moderna. Foto: Bruna Costa/EspDP.

A resolução, dizem moradores mais antigos, mudou o perfil do prédio. “Há 25 anos, o prédio era como o Holiday. Tinha muitos problemas estruturais até que aconteceu um incêndio e foi feita a reforma”, conta o morador do oitavo andar, o artista plástico Juca Bezerra, de 64 anos. Ele mora há três décadas no Califórnia e viu de perto a transformação do edifício que tem 18 andares. Além de diminuir a taxa de inadimplência do condomínio, a gestão apostou no uso misto para manter as contas no azul.

Contemporâneo do Holiday, a edificação teve um destino diferente graças à ação dos moradores. Foto: Bruna Costa/EspDP.

Atualmente, funcionam, nos pavimentos inferiores do edifício, vários estabelecimentos comerciais, como restaurantes e café. “Sempre morei em Boa Viagem, mas há um ano me mudei porque herdei o apartamento da minha mãe. É um prédio antigo, mas sem grandes problemas”, afirma o aposentado Carlos Dias, 78 anos. A parte elétrica do prédio foi reformada há 10 anos, a área interna é toda pintada, os elevadores funcionam bem, além de passarem por manutenções constantes.

A fachada, por outro lado, está mal conservada. Para manter o prédio funcionando, as quase cem famílias que vivem no prédio pagam uma taxa de condomínio de R$ 250, valor muito inferior à realidade dos demais edifícios da orla de Boa Viagem, mas suficiente para manter o Califórinia em ordem. “É um prédio muito familiar. Aqui, moram médicos, enfermeiros, professores, artistas e até exjogadores de futebol”, ressalta Juca. “Temos um salão de festas enorme e muito bem conservado no terceiro andar. Com vista para o mar”, comenta Carlos, com orgulho.

HISTÓRIA

O Edifício Califórnia foi um dos primeiros edifícios altos em Boa Viagem. O ícone da arquitetura moderna recifense foi projetado em 1953 pelo arquiteto Acácio Gil Borsoi. Foi o segundo prédio a ser construído no bairro, 16 anos depois da inauguração do Caiçara. Na época, era o único estilo quitinete da região.

Em 11 de dezembro de 1957, o Diario de Pernambuco noticiou a morte de um operário na construção do edifício. “O ajudante de pedreiro José Romildo de Melo, 25 anos, quando estava entregue às suas costumeiras atividades, na construção do Edifício Califórnia, foi vítima fatal de um acidente de trabalho”, publicou o jornal. Já em 16 de julho de 1958, as páginas do Diario informavam que “o senhor Joaquim Queiroz de Oliveira” estava “disposto a doar a cada um dos campeões (mundiais de futebol) um apartamento no Edifício Califórnia”. O jornal não publicou, nas edições seguintes, se a promessa foi cumprida.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
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