Durante o último fim de semana, nove gatos foram encontrados mortos na Beira Rio. Três cadáveres estavam boiando no rio, outro estava sobre a pista de cooper. “Geralmente isso ocorre nos fins de semana, pois são dias que não transitam tantas pessoas por lá. No fim de semana anterior a esse, foram encontrados 19 gatos mortos. A maioria deles filhotes, que provavelmente são mais vulneráveis ao envenenamento”, contou a empresária Milena Coutinho, 26 anos. “Algo parecido já havia ocorrido há cerca de três anos, inclusive motivando outro protesto no mesmo local. Agora, foram 31 animais assassinados em cerca de 10 dias”, explicou a ativista da causa animal e vereadora do Recife Goretti Queiroz (PSC).
De acordo com elas, o problema é subjacente a outro: o abandono dos gatos na localidade. “É uma prática frequente. Lá é como se fosse um ponto de desova”, explicou Milena. “Aquele é um local onde infelizmente é conhecido por ser ponto de abandono há uns cinco, sei anos. A gente tira 10 gatos, mas aparecem 20. Ontem mesmo parou um carro branco e jogou uma caixa com cinco filhotes, como se ali fosse uma descarga de lixo”, afirmou Goretti Queiroz. Estima-se que existam na área hoje entre 70 a 100 animais. Na tarde desta quinta-feira (25), a reportagem do Diario esteve na Beira Rio e contabilizou pelo menos 40 gatos espalhados na região da academia da saúde, entre filhotes e gatos maiores. Alguns deles aparentando debilidade física.
Todas as tardes, um grupo de protetores vai ao local, alimentar e dar medicamentos aos bichos. A maioria dos adultos são castrados. “Sempre que possível, levamos alguns para feiras de adoção. Os gatos não merecem morrer de fome nem de maus-tratos”, opina Milena, que mantém uma página nas redes sociais para adoção de gatos. A presença dos bichos desagrada parte da vizinhança e, em consequência disso, estariam acontecendo as mortes, afirmam alguns moradores do bairro entrevistados pelo Diario e ativistas da causa animal.
“Nós, protetores, sempre tomamos a frente, mas é obrigação do poder público cuidar dos animais abandonados. Fomos até a delegacia denunciar e, por conta própria, vamos colocar um sistema de controle e segurança lá, com câmeras, para inibir a prática. Também solicitamos a manutenção da iluminação, que estava quebrada, e rondas permanentes da guarda municipal”, disse Goretti. No sábado, o grupo se reúne a partir das 14h no espaço. Munidos de cartazes e velas, eles terão o apoio do movimento Vozes em Luto Nordeste, e realizarão intervenções artísticas para evidenciar o problema.