Os rins têm várias funções, sendo a mais importante delas a de agir como filtros das impurezas do corpo. Quando eles não funcionam em perfeitas condições, o organismo tende a acumular essas substâncias. Em todo o mundo, uma em cada dez pessoas têm doença renal. No Brasil, 2,9 milhões de brasileiros têm apenas um terço da função renal dos indivíduos normais. A questão é a maioria das doenças renais são assintomáticas e os pacientes, por desconhecerem a importância do órgão, não costumam buscar informações ao longo da vida sobre o funcionamento dele. Em função disso, acabam chegando já em estágio crônico ao nefrologista, quando não é possível recuperar as funções do órgão e a solução é hemodiálise ou transplante.
“As doenças renais, em sua maioria, são silenciosas. Você não sabe que tem uma doença no rim até ele parar de funcionar. Só que você tem como avaliar se o rim está funcionando bem ou com alguma alteração. Para isso, a população precisa de conhecimento”, afirmou o presidente da Sociedade Pernambucana de Nefrologia, o nefrologista Marcelo Nonato. Isso não significa procurar um especialista agora, mas durante as consultas médicas anuais questionar sobre o rim ao médico e solicitar, por exemplo, a medição da creatinina (exame dosador da saúde do órgão). Esse é um conselho válido para todos, pois a doença renal não escolhe perfil, mas sobretudo para quem tem fatores de risco: diabetes, hipertensão e histórico familiar.
Os rins podem ser acometidos por dois tipos de doença. As primárias, aquelas geradas no próprio órgão, e as secundárias, decorrentes de males relacionados a outras partes do corpo. Hábitos de vida e consumo também podem acelerar o comprometimento deles, como o abuso de anti-inflamatórios e antibióticos e a ingesta de alimentos que favorecem alterações de taxas como a glicose e colesterol. Um rim normal consegue filtrar 100ml de sangue por minuto. Quando esse valor chega a 10ml por minuto, está instalada a doença renal crônica (DRC). É quando a pessoa pode até urinar normal, mas eliminará apenas a água e não as toxinas.
De 28% a 46% dos brasileiros com mais de 64 anos têm DRC. Essa é a situação mais crítica, que leva o paciente para as terapias renais substitutivas como a hemodiálise e o transplante renal. O primeiro deles impõe uma rotina de visita de pelo menos três vezes por semana ao hospital, para que o paciente fique quatro horas limpando o sangue por meio de uma máquina. Um total de 120 mil pessoas realizam hemodiálise no Brasil, número que cresceu mais de 100% nos últimos 10 anos. “Todos os anos, mais de 20 mil pacientes entram em hemodiálise. A taxa de mortalidade é de 15% ao ano. Cada paciente desse custa 50 mil por ano ao SUS. Juntos eles consomem 8% da verba do sistema”, detalhou o nefrologista Marcelo Notato.
De acordo com ele, situação que poderia ser evitada muitas vezes com ações simples ao longo da vida como manter hábitos de vida saudáveis, controlar o peso, praticar atividade física regular e evitar a automedicação. Assim como com a aquisição de informações e a participação mais ativa do paciente na busca pela saúde renal. Afinal, apenas beber água não garante um rim saudável.