Sem dinheiro, mas cheio de ideias, o haitiano Jean Baptiste Joseph, que vive no Brasil desde 2010, lidera o Groupe d’Ambassadeurs pour le Développement (ou Grupo de Embaixadores para o Desenvolvimento), o Gade. A entidade nasceu em 2018, mas foi formalizada oficialmente neste ano. Desde então, vem realizando uma série de ações sociais no Recife e tem como meta principal criar um laço solidário entre o Brasil e o país da América Central.
"Mais do que enviar alimentos e dar uma ajuda pontual, sentimos a necessidade de fazer alguma coisa que não seja apenas assistencialismo. Será que a gente precisa esperar um terremoto ou um furacão passar para fazer uma campanha para ajudar? Não poderíamos ajudar estruturalmente para quando o fenômeno chegar não acontecer nada com esse povo ou minimizar danos? Foi nesse aspecto que surgiu o Gade", explica Jean, sobrevivente das catástrofes no Haiti.
Formado inicialmente por haitianos e brasileiros, que moram no Brasil ou estão espalhados em países Canadá, Estados Unidos e o próprio Haiti, o Gade conta atualmente com 20 voluntários (três dos quais são haitianos). A missão é atuar solidariamente ao angariar fundos para investir em projetos criados por seus membros, sem qualquer envolvimento político, agindo através de ações, divulgações, doações ou outras formas que contribuam para o "pontapé inicial" do desenvolvimento da cidade de Jean Rabel.
Ponte
"Queremos promover a criação de centros educacionais para ajudar no desenvolvimento da região, construir centros poliesportivos voltados à integração dos cidadãos das comunidades onde vamos trabalhar. E nas comunidades carentes promover esportes amadores para integrar as pessoas. Não só futebol, mas basquete, judô, vôlei. Tudo o que pode se tornar um começo para o desenvolvimento social. Porque talvez as pessoas não tenham a dimensão do quão pobre é o local, da miséria que existe. Levar isso para minha cidade, seria mudar a vida de muitas pessoas", afirma.
Em 2016, através do projeto "Querido Haiti", o grupo de voluntários formado por Jean e amigos, enviou algumas remessas de socorro humanitário ao país caribenho, que teve como ponto forte da campanha uma Corrida Solidária.
"Construir centros esportivos, com salas de aulas, pistas de atletismo, basquete, futebol, judô, todos os esportes concentrados em um centro, é o que penso para Haiti. Ajudar no desenvolvimento através do esportes e educação é minha grande meta", afirma.
No Recife
Paralelamente ao objetivo de desenvolvimento no Haiti, o Gade tem se dedicado a ajudar no desenvolvimento social e ambiental no Recife. Atualmente, auxilia o Lar Batista Elizabeth Mein, que abriga 13 meninas de 9 a 16 anos, que vivem em medida protetiva. No dia 12 de outubro de 2018, o Gade promoveu um dia das crianças especial, com café da manhã, lanches, brincadeiras, pula-pulas, brinquedos. Tudo com valores arrecadados de doadores angariados por campanha, com apoio de voluntários ligados à UFPE. Os membros do Gade buscam ainda prestar serviços voluntários no Lar através de formações profissionais.