Vida Urbana

Lavagem do Bonfim acontece neste domingo em Olinda

A cerimônia terá início às 14 horas e contará com um grande cortejo pelas ruas do Sítio Histórico

A cerimônia começa às 14h e segue até as 17h. Foto: Mandy Oliver/Esp.DP

A Lavagem do Bonfim, ou Aguas de Oxala, acontece neste domingo (13), no Sítio Histórico de Olinda. A cerimônia está na 36ª edição e contará com a presença de milhares de seguidores e simpatizantes da religiosidade católica e do candomblé. O evento passou um tempo iniciando na Igreja de São Salvador do Mundo, no Alto da Sé, mas agora com a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim restaurada, ele volta ao lugar de origem na rua de mesmo nome. A festa iniciará às 14h e segue até às 17h com um grande cortejo pelas ruas da cidade histórica. A expectativa é reunir aproximadamente vinte mil pessoas. 

A produção do evento é do carnavalesco Sívio Botelho, pai dos Bonecos Gigantes de Olinda. Foto: Karina Morais/Esp.DP

A organização e produção da procissão é do pai dos bonecos gigantes e babalorixá Silvio Botelho. Ele conta que o evento simboliza o realinhamento das energias para os 365 dias do ano.  “Eu como a pessoa do axé e militante da religiosidade de matriz africana entendo que essa comunhão possibilita que a gente entre o ano de 2019 com mais beleza, diante de tanta desvalorização do ser humano. Aqui não tem isso de ser de religião tal ou qual. Estamos caminhando em busca de Deus e a paz deve prevalecer entre as nações”, ressalta. 

A Lavagem do Bonfim ou Águas de Oxalá pede paz para os 365 dias do ano. Foto: Mandy Oliver/Esp.DP

A grande novidade deste ano é que diferente das edições anteriores, neste ano, o templo ficará de portas abertas para contemplar a cerimônia. A iniciativa partiu do Padre Jerônimo, pároco da instituição, que atendeu ao pedido dos organizadores. “É um momento de união e confraternização entre as religiões. Eu pedi autorização e a igreja concedeu. O olhar de Deus é único e sem preconceitos. Isso só mostra como estamos evoluindo enquanto irmãos”, destaca Silvio.

O andor da procissão foi assinado pelo artista renomado João Andrade, de 63 anos. Ele explica que diferente das outras edições, a charola receberá elementos da cultura de matriz africana. Transitando entre o catolicismo e o candomblé em busca da fé. “Na madeira existem figuras que simbolizam os orixás Oxalá e Oxum, reafirmando a tradição e a religiosidade afro”. Com mais de 50 anos dedicados à arte, João exala simpatia e autenticidade. Ele tem “apenas” quatorze premiações no Baile Municipal e já foi o responsável pela decoração do carnaval olindense nos anos de 2017 e 2018. É graduado em Ciências Contábeis, mas a formação de verdade é em arte nas suas mais diversas expressividades. “Eu passei por vários processos de mutação, desde a arte sacra à cultura popular. Hoje eu respiro e vivo os ciclos festivos da cultura regional”, explica. 
 

O Tata Raminho de Oxóssi conduz a cerimônia há mais de 30 anos. Cecilia de Sa Pereira/DP/D.A Pre

A cerimônia será conduzida pelo Tata Raminho de Oxóssi, sacerdote da Roça de Oxum Opará, que entoará vários cânticos para o orixá Oxalá, representado no sincretismo por Jesus Cristo, o Deus vivo. Em seguida há o toque para para os outros orixás. “O líder espiritual relata que a cerimônia tem a intenção de pedir felicidade para a Oxalá que se inicia. Desde o início eu estou a frente da cerimônia e tenho um imenso carinho por ela. É uma responsabilidade imensa também”, declara. 

Programação 
14h - Concentração em frente à Igreja de Nosso Senhor do Bonfim. 
16h - Xirê com o Tata Raminho de Oxóssi, zelador da Roça de Oxum Opará. 
17h - Início da procissão pelas Ruas do Sítio Histórico. 

Trajeto da procissão: Largo do Bonfim, Rua do Amparo, Largo do Amparo, Rua do Guadalupe, atravessa a Pan Nordestina no sentido Vila Popular até a sede da Roça Oxum Opará, na Rua São Paulo, nº 402. 

A expectativa é reunir aproximadamente 10 mil pessoas na concentração. Até o final do cortejo, o número duplica. Foto: Mandy Oliver/Esp.DP

Tem gente que vem de outros estados para acompanhar a cerimônia como piauiense Regina Fernandes, de 44 anos. Ela diz que desde criança, o seu pai, seu José Luiz, fazia questão de trazer todos os filhos para a lavagem. Com o falecimento do pai, em 2010, ela continuou a tradição e agora traz os filhos e netos. “Eu tenho uma admiração enorme pela Lavagem do Bonfim de Olinda. A energia que a gente sente é indescritível. Vale muito participar. A gente sai renovado de de lá”, relata. 

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