Vida Urbana

Ex-professora pinta escola onde trabalhou em Olinda

Ela aproveita as férias escolares para preparar unidade que receberá os alunos na volta às aulas

Por 22 anos Vera ensinou na escola, até deixá-la em 2017. Foto: Gabriel Melo/Esp.DP.

Em meio a esse cenário desolador, a professora Vera Oliveira surgiu como um ponto de luz. Por 22 anos ela ensinou na escola, até deixá-la em 2017. Desde a última segunda- -feira, Vera voltou a frequentar a Pastor David. Não para ensinar. Mas para pintar as paredes do pátio e dos corredores. Por conta própria, comprou uma lata de tinta branca, além de pigmentos para fazer os desenhos infantis de flores e pássaros. “Foi baratinho”, contou ela, referindo-se aos R$ 50 gastos com uma lata de tinta e R$ 2 investidos em cada bisnaga de pigmentos.

Com a intervenção voluntária da professora, que estava em plenas férias, até a biblioteca voltará a funcionar. Pra completar o serviço, Vera também criou cartazes de boas vindas para as crianças lerem na volta às aulas. Ela conta com a ajuda de seis pessoas para mudar a cara da escola, funcionárias de uma creche anexa.

“A escola estava muito deteriorada, carente mesmo de um cuidado. Agora ela está ficando linda. Não acho que é uma questão de obrigação somente da prefeitura fazer o serviço. Trabalhei aqui por duas décadas, meus filhos estudaram aqui, eu amo essa comunidade, a hora que venho sou muito bem acolhida. Essa é apenas uma forma de agradecer tudo isso. É bom fazer a parte da gente. Às vezes esperamos tanto que quando a ajuda chega já é tarde demais”, disse.

Vera costuma fazer esse tipo de trabalho em escolas particulares, mas, nesses casos, cobra R$ 80 por cada parede, caso o contratante ceda o material. Ela pretende ficar na Pastor David até o final deste mês para concluir o serviço. Todos os dias ela deixa o bairro do Guadalupe, em Olinda, onde mora e ensina em uma escola municipal, para seguir até o Alto da Bondade. Gasta 20 minutos de ônibus. “Rapidinho”, diz ela.

Vera anda bem emocionada com o cenário que vem se desenhando – literalmente – à sua frente. “O fato de saber que as crianças vão chegar e encontrar a escola colorida me faz ter prazer em vir aqui todos os dias. É necessário incentivar. Me sinto realizada como professora, e não como artista. Como professora, também gostaria de chegar em uma escola bem cuidada”, pontuou. Vera tem toda razão

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