Vida Urbana

Pontes do Recife serão recuperadas em 2019

Programa de requalificação terá investimento de R$ 20,7 milhões, nas pontes do Derby e Motocolombó

Apesar da situação visual da estrutura da Ponto do Derby, a Emlurb garante que não há motivo para pânico. Foto: Reprodução do WhatsApp.

A sequência de fotos que circulou na internet e nas redes sociais mostra o estado das pontes Estácio Coimbra (do Derby) e da Torre. Nas imagens da primeira, tiradas da parte de baixo da ponte, é possível ver que a ferrugem toma conta das vigas de ferro tanto na fundação quanto na parte de baixo do tabuleiro (estrutura de trânsito de pessoas e carros). Em mais de 10 imagens, o concreto também aparece desgastado e até mesmo inexistente, com vários buracos. O secretário de Infraestrutura e Habitação e presidente da Emlurb, Roberto Gusmão, garantiu que não há motivo para pânico. “É uma situação que a gente sabe que precisa intervir, mas estávamos terminando estudos e diagnósticos das patologias das pontes. Diante do alarmismo, precisamos dar tranquilidade”, disse.

De acordo com ele, as pontes da cidade passam por vistoria a cada cinco anos e isso vem sendo realizado, apesar da ausência de verba para recuperação das estruturas. “Hoje, conseguimos liberação de recursos por meio do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa), da Caixa Econômica Federal, para investimento em vários equipamentos da cidade. Dentre os quais, as pontes”, detalhou Gusmão. Serão investidos inicialmente R$ 20,7 milhões na recuperação das duas pontes que, nos estudos realizados por engenheiros e técnicos da Emlurb, estão em pior situação, a do Derby e a Motocolombó, em Afogados.

“Recife é uma cidade que se situa em uma zona agressiva, de praia, e entrecortada por rios sem saneamento, o que contribui para a degradação das estruturas. A Ponte do Derby apresenta patologias como a oxidação das armaduras e destacamento do concreto concentrados na parte de fundação. Já a Motocolombó tem patologias semelhantes, mas mais frequentes no tabuleiro”, afirmou o professor da Universidade de Pernambuco e engenheiro de Emlurb Armando Carneiro. Serão realizados trabalhos de eliminação da oxidação, reposição das armaduras e do concreto. Na próxima semana, será lançada licitação para as obras, que devem ter início dentro de 60 a 90 dias.

Nesse intervalo de tempo, a equipe técnica da Emlurb realizará o monitoramento das estruturas a pé e com o auxílio de barcos para, em caso de emergência, como abertura de fissuras, fazer antecipação das obras. “A ideia é colocar equipamentos e fazer ensaios para saber se a situação está estabilizada. Se continuar no cenário que está, iremos manter os prazos legais”, afirmou a diretora de Manutenção Urbana da Emlurb, Fernandha Batista.

A previsão é de que as obras durem cerca de um ano e meio a dois anos. No primeiro trimestre do próximo ano, será lançada uma nova licitação para início das obras de outras duas pontes. Uma delas será a da Torre, a outra ainda em definição, poderá ser a Giratória ou a da Joana Bezerra. Estão em estudo técnico para recuperação estrutural até o fim do próximo ano também as pontes Princesa Isabel e Joaquim Cardozo, nos Coelhos.

"Todas as pontes estão sob controle", diz secretário

Ao longo dos últimos 50 anos, apenas três pontes passaram por recuperação absoluta no Recife. A maioria delas está sem manutenção completa há décadas. As últimas intervenções realizadas nesses equipamentos na cidade foram na do Rio Tejipió, recuperada em 2015, e a reconstrução da ponte que cruza o Rio Morno, na Rua José C. Cosme, em Dois Unidos. Antes delas, as últimas recuperações ocorreram há mais de 10 anos e foram realizadas nas pontes Duarte Coelho e 6 de Março (Velha), na Boa Vista, e na Paulo Guerra, no Pina. A dificuldade de obter verbas para investimentos na requalificação de equipamentos públicos municipais é colocada pela gestão como um entrave nesse processo.

Pontes como a do Derby e a da Torre têm, respectivamente, 68 e 40 anos. Desde 2013, a prefeitura tentou três financiamentos junto ao governo federal e Banco Mundial, mas questões políticas teriam travado o processo. “Para o Finisa, estávamos desde o começo do ano em diálogo com a Caixa Econômica e agora, depois das eleições, conseguimos essa liberação”, afirmou Roberto Gusmão. O presidente da Emlurb reconheceu a situação de precariedade das pontes, mas contestou que a situação visual se replique em risco ou possa levar a casos como os recentes desabamento de viadutos na Marginal Pinheiros, em São Paulo, e em Gênova, na Itália. “Do ponto de vista técnico, não é assim que funciona.

Quem passa com a maré baixa no Derby ou Torre, tem a impressão de emergência. Mas há situações em que a exposição visual não significa maior ou menor risco. Fizemos um levantamento e todas elas estão sob controle”, garantiu Gusmão. De acordo com Fernandha Batista, o foco da Emlurb é realizar as recuperações necessárias no mínimo prazo possível. “Queremos ampliar não só a segurança das estruturas, mas também a durabilidade”, disse. Os recursos garantidos ontem serão liberados em três parcelas de R$ 66 milhões. 

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