Para combater os números alarmantes, setembro ficou amarelo para conscientizar as pessoas a prevenção do suicídio e alertar sobre essa realidade em todo o mundo e suas formas de combate. Por muito tempo, o suicídio foi visto como tabu e as pessoas que cometiam tal ato eram consideradas como fracas e covardes, mesmo tendo chegado a tal extremo movido pelo desejo de libertação. Não falar sobre o assunto ou julgar quem perdeu a vontade de viver não é o caminho, é preciso trazer esse tema à tona para ajudar quem precisa de apoio, identificando quando quem está perto está desistindo da vida.
O psicólogo professor e coordenador da pós-graduação em Saúde mental, álcool e outras drogas do Instituto de Desenvolvimento Educacional (IDE), Paulo Aguiar, conta que não existe características suicidas, pois cada caso tem suas particularidades a partir das suas experiências de vida. “Porém, algumas falas podem ser observadas, que apontem para uma tentativa de pôr fim a vida. Assim, é fundamental uma atenção especial quando ouvimos determinadas expressões que apontem para isso”, explica o docente.
Os membros da família são peças fundamentais para ajudar uma pessoa com pensamentos suicida, pois a proximidade fará esses entes perceberem com mais facilidade os primeiros sinais de que há algo errado. “A família precisa estar atenta aos comportamentos dos seus membros. Isolamento, pouca interação e falas que apontem para acabar com a vida devem ser investigadas. A família é fundamental nesse processo”, aponta o professor do IDE.
As causas que levam uma pessoa a tentar contra a própria vida, na maioria das vezes, estão ligadas a patologias, mas não são as únicas razões que levam as vítimas a consumar tal pensamento. “A depressão, a esquizofrenia e alguns transtornos de personalidade podem levar o sujeito a tentar o suicídio. Porém, é importante perceber que outros fatores podem levar às tentativas de suicídio que não sejam apenas a partir de um transtorno mental. As condições socioeconômicas e culturais podem influenciar diretamente nestes casos”, aponta o especialista.
Paulo Aguiar traz três exemplos de casos em que o suicídio não está associado a problemas mentais. O primeiro é o do Grécia, onde os efeitos das políticas econômicas implantadas no país provocaram dificuldades financeiras ao povo daquela nação. “Isso elevou o número de suicídios naquele país sem nenhuma associação com algum transtorno mental, mas fruto de uma mudança radical na economia”, conta o profissional de psicologia do Instituto de Desenvolvimento Educacional.
Outro exemplo é o dos povos indígenas do Brasil. “Um estudo realizado pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (FLACSO) apontou o elevado número de suicídio nas populações indígenas dos estados do Amazonas e Mato Grasso do Sul, principalmente pelo processo de aculturação desta população. Fato curioso e estarrecedor é que a faixa etária principal dos sujeitos que cometem suicido dentro da população indígena está compreendida entre 10 e 19 anos, segundo os estudos da FLACSO”, diz o professor.
E o terceiro caso trazido pelo psicólogo é o do município de Itacuruba, localizada no sertão pernambucano. “A cidade tem uma taxa de suicídio dez vezes maior que a média nacional. Inundada pela hidroelétrica de Itaparica, a população precisou mudar de cidade e isso causou muitos problemas para a população”.
Com matriz no Recife e atuação no interior de Pernambuco, como Caruaru, Garanhuns e Petrolina, tem unidades também espalhas por vários estados do Norte e Nordeste, como Ceará, Bahia, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pará. Já formou mais de 5 mil alunos, sendo a maior estrutura física, administrativa e pedagógica do Nordeste voltada exclusivamente para cursos de pós-graduação em saúde.