Vida Urbana

Trabalhadores de turno podem desenvolver doenças de sono, diz especialista

Interne Soluções em Saúde desenvolve programa para funcionários nas empresas

Pesquisa recente, divulgada pela International Stress Management Association no Brasil (Isma-Brasil), mostra que 38% dos trabalhadores do País têm algum tipo de distúrbio relacionado ao sono. Muitos atuam exclusivamente em turnos noturnos, trocando o dia pela noite. Eles estão em call centers 24h, em transportes públicos, indústrias, aeroportos e tantos outros. 

A partir dessa quinta-feira (28), às 10h e às 15h, a equipe multidisciplinar do Durmabem, programa desenvolvido pela Interne Soluções em Saúde, vai dar o pontapé inicial no atendimento dos trabalhadores de turno da Itamaracá Transportes, na BR-101, em Abreu e Lima. Na ocasião, os funcionários assistirão a uma palestra coordenada pela fisioterapeuta especialista em Sono e coordenadora do Durmabem, Lidiane Santana. 

O trabalhador de turno faz parte de um grupo propenso ao desenvolvimento de distúrbios no ritmo circadiano, como é chamado o ciclo biológico de um dia (24h), além de problemas como insônia, ronco e apneia do sono. Se esses problemas não forem diagnosticados e tratados, podem desencadear danos irreparáveis para a saúde do indivíduo, disse a especialista.

O Durmabem chegou para diagnosticar e tratar pessoas com dificuldade de dormir por meio de dois tipos de trabalhos voltados para empresas. O primeiro é focado na educação (aconselhamento e palestras), além de acolhimento em sono dos funcionários de forma personalizada. Já o  outro se baseia na efetividade, com acompanhamento dos trabalhadores em todos os âmbitos (alimentação, atividade e rotina, por exemplo), com apoio de uma equipe multidisciplinar (dentista, nutricionista, fonoaudiólogo e educador físico), além do Recursos Humanos da empresa.

O segundo exemplo será posto em prática na Itamaracá Transportes, empresa pernambucana que integra o Conorte, Consórcio do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife. Atualmente, a Itamaracá tem mais de 1.450 empregos diretos e realiza diariamente cerca de 2.700 viagens. 

O sono da noite é diferente do sono do dia. "É melhor para o indivíduo dormir à noite, pois é nesse momento que são regulados hormônios importantes e preservadas aquisições cerebrais cardiorrespiratórias", afirmou Lidiane Santana. 

Segundo a especialista, o objetivo do programa é tentar diminuir este impacto negativo nos trabalhadores. "Não existe receita de bolo. A tão falada higiene do sono tem sido registrada nos últimos estudos como de suma importância, de forma individualizada. Em relação aos trabalhadores de turno não é diferente. Precisamos construir um diário de rotina desse paciente e entender a programação genética dele, já que o impacto da privação noturna é diferente entre os indivíduos". 

Em linhas gerais, muitas dicas bem sucedidas para manter-se acordado durante o trabalho têm sido apontadas em estudos científicos publicados na área. Entre elas, aumentar a incidência luminosa durante a realização do trabalho noturno; utilizar óculos escuros nas duas últimas horas de trabalho que anteveem o retorno ao lar, como os motoristas de ônibus, por exemplo; instituir cochilos de 20 minutos no intervalo do trabalho e dormir 2h antes de começar o turno. Em alguns pacientes, a suplementação de melatonina pode ser recomendada e, em alguns casos, acompanhamento com prescrição médica também.

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