Pegar uma senha, apresentar os documentos e retirar a carteira de trabalho. Um compromisso corriqueiro para milhões de brasileiros ganhou novo significado na manhã de segunda-feira (29), na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, no Espinheiro. Magida Darwish, 20 anos, e sua cunhada Ida Aman Heji, 24, obtiveram a legalidade no Brasil após tirar o CPF, o passaporte e a carteira de trabalho. Fugindo da maior crise humanitária do planeta, no coração do conflito contra o Estado Islâmico, as iraquianas saíram de seu país com destino à Alemanha, mas acabaram interceptadas no Recife durante a longa jornada. Agora, com os documentos emitidos no Brasil e acolhidas pela comunidade Obra de Maria, podem começar a realizar o sonho de recomeçar a vida de maneira digna e tentar trazer parte da família para perto.
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Iraquianas em busca de refúgio no Recife poderão trabalhar
As estrangeiras acolhidas em Pernambuco conseguiram tirar documentos com auxílio do estado
No Iraque, Magida cursava engenharia e pretende retomar os estudos na capital pernambucana, assim que aprender a falar português. A jovem fala inglês básico e tem uma proposta de emprego em vista, mas prefere não revelar. Já Ida não fala português nem inglês. Está estudando a língua oficial do Brasil para poder ingressar na faculdade. O filho de Ida, Lavan Dawud, de quatro anos, está em uma creche da Obra de Maria. Segundo Pedro Eurico, secretário de Justiça e Direitos Humanos, que tem acompanhado de perto a adaptação da família, Lavan tem se enturmado bem com as outras crianças. O garoto já pronuncia algumas palavras e expressões em português, como "obrigado", "bom dia" e "mosquito".
Os três refugiados têm um protocolo que lhes permite trafegar por todo o território nacional livremente, válido por dois anos. Após a interceptação ocorrida no dia 30 de dezembro, o plano preliminar era seguir para a Alemanha, onde o pai de Lavan e marido de Ida se encontra. Entretanto, o acolhimento surpreendeu a família, que já pensa em um novo planejamento. "A Alemanha recebeu muitos refugiados da Síria no ano passado e está fechada. Se elas forem para lá, ficarão irregulares. Por outro lado, se o marido vir pra cá, será bem recebido", explicou o secretário.
Quanto ao inquérito que Magida e Ida respondem pelo uso de documentação falsificada no translado, Pedro Eurico acredita que o Poder Judiciário Federal terá sensibilidade de reconhecer a ausência de punibilidade. "Não houve dolo. Houve tentativa desesperada de salvar a vida. Esse é o princípio que rege a condição de exilado político em qualquer lugar do mundo", justifica. O secretário garante que todos estão sensíveis à situação da família.
"Diferentemente de onde estávamos, a vida aqui tem sido tranquila e agradecemos a todos os envolvidos pelo que vêm nos proporcionando. Estamos nos estabelecendo aos poucos, mas não é uma situação fácil. Estamos longe das nossas famílias. Isso é muito doloroso", explica Magida.
Ela, Ida e Lavan permanecerão abrigados na Comunidade Obra de Maria, em São Lourenço da Mata, até que consigam se manter financeiramente. De acordo com o Comitê Nacional para Refugiados (Conare), enquanto os trâmites processuais para legalização das iraquianas no país estão em andamento elas não poderão ser extraditadas. O órgão possui cerca de 50 mil pedidos de refúgio e o julgamento pode durar dois anos.
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