Vida Urbana

Cirurgia que dispensa internação na UTI garante qualidade de vida a portadores de marcapasso

No Recife, cardiologista realiza extração de eletrodos de marcapasso através de técnica minimamente invasiva, procedimento pouco realizado fora do eixo Rio-São Paulo

Jorge Cubits recorreu ao especialista Gustavo Santiago quando precisou ser submetido a exames de ressonância magnética. Foto: Rafael Martins/DP

De ex-professor nos tempos da faculdade de medicina, o médico Jorge Cubits, de 87 anos, viu sua relação mudar ao se tornar paciente do seu ex-aluno. Ele entregou a sua saúde, em um misto de confiança e orgulho, ao seu pupilo. Gustavo Santiago é responsável por executar um procedimento raro em Pernambuco: a remoção minimamente invasiva de cabos-eletrodos de marcapassos. A técnica, realizada por meio de uma pequena incisão abaixo do ombro e tecnologia de ponta, possibilita a alta hospitalar no mesmo dia, agilidade impossível nas cirurgias de peito aberto, que são mais comuns em casos mais extremos. Para Jorge, o procedimento com rápida recuperação facilitou a realização imediata de exames de ressonância magnética, que não são recomendados para pessoas com o dispositivo implantado não compatível. “O procedimento foi indolor e super tranquilo, não tive nenhum problema”, conta.

Procedimento menos invasivo feito por uma pequena incisão possibilita a alta hospitalar no mesmo dia. Foto: Biomedical/Divulgação

Para realizar a troca de eletrodos, o cardiologista utiliza um fio guia de suporte por dentro do eletrodo e uma bainha extratora de eletrodos de marcapasso.  Com a tecnologia de última geração, o especialista consegue remover os cabos com maior tranquilidade e segurança. “É importante extrair eletrodos que estejam com problema ou apresentam alguma possível complicação para a vida do paciente, como no caso de Jorge. O habitual é desligar os cabos-eletrodos com problema, deixando-os dentro do coração do paciente e adicionar outros novos. Alguns pacientes têm quatro, cinco ou até mais eletrodos dentro do coração”, aponta. Em média, cada eletrodo demanda uma hora para ser removido.

“Quando um marcapasso é colocado, depois de alguns meses uma fibrose pode se desenvolver e ‘agarrar’ os eletrodos, dificultando a sua remoção com uma simples 'puxada' pelo especialista, técnica às vezes usada com resultados nem sempre satisfatórios e que podem causar risco de vida ao paciente. Em casos de infecção, por exemplo, abre-se o peito do paciente para tirar os cabos", destaca Gustavo. “Em situações de disfunções ou fraturas dos eletrodos, não se pode simplesmente colocar mais cabos nas vias, é preciso remover os defeituosos”, completa.

Segundo o cardiologista, a técnica diminui o risco de infecção hospitalar, o tempo de recuperação e o trauma cirúrgico. Foto: Rafael Martins/DP

Segurança no procedimento, qualidade de vida com acesso à ressonância magnética e recuperação cirúrgica rápida são percepções dos pacientes submetidos a essa intervenção cirúrgica minimamente invasiva, com o uso de tecnologia de ponta, disponível no Recife desde abril.

O paciente com infecção e que necessita retirar todo o sistema implantado (eletrodos e marcapasso) precisaria de uma cirurgia cardíaca convencional, abrindo o peito, para retirar os eletrodos presos ao coração, com média de três dias de internação pós-cirúrgica em UTI. Com a técnica menos invasiva, a alta acontece horas depois do procedimento. "Os pacientes são liberados rapidamente e sem internação na CTI. A técnica diminui o risco de infecção hospitalar, o tempo de recuperação e o trauma cirúrgico", explica o cardiologista. Além de pacientes com demanda de ressonância magnética e infecção, o processo é indicado em casos de disfunção e recall de eletrodos. Nas proximidades da data em que se comemorou o Dia de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Mortes Súbitas, neste último domingo, Jorge Cubits só tem a comemorar o avanço rápido de seu tratamento.

Arte: Priscila Milet

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