Vida Urbana

Ministério Público recomenda inspeção no habitacional Casarão do Cordeiro

Depois de tomar conhecimento de que relatórios técnicos da Defesa Civil do Recife apontaram patologias estruturais de risco alto no Conjunto Habitacional Casarão do Cordeiro, na Zona Oeste da capital, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou ao prefeito Geraldo Júlio uma série de medidas para assegurar a segurança estrutural dos edifícios, do tipo prédio caixão.

De acordo com a recomendação, publicada no Diário Oficial de 15 de julho, o município deverá realizar inspeções, sondagens e ensaios com o objetivo de elaborar relatório sobre a qualidade construtiva do conjunto habitacional. Esses trabalhos devem incluir a inspeção das fundações dos blocos do habitacional; a análise do solo sobre o qual as edificações foram assentadas, com a identificação da capacidade de resistência e da estabilidade do conjunto solo-fundações; a execução de ensaios para aferir a resistência dos elementos. O MPPE recomendou que esses testes sejam realizados em até seis meses.

Com a emissão do relatório técnico, o município deve apresentar cronograma com as ações de manutenção e recuperação a serem implementadas no Casarão do Cordeiro, contemplando os serviços necessários para o restabelecimento das características originais da edificação, também no prazo de seis meses. Segundo o promotor de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Histórico e Cultural da Capital, Ricardo Coelho, essa medida é necessária em razão das diversas modificações do projeto original, que incluem construções irregulares e alterações de fachada.

Além disso, o MPPE recomenda ao gestor que acione, administrativa ou judicialmente, a empresa responsável pela construção do Casarão do Cordeiro para que providencie a correção dos vícios de construção indicados nos documentos técnicos recebidos pelo MPPE ao longo da tramitação do Inquérito Civil nº01/2009.

Por fim, a última medida recomendada pelo MPPE é que a Prefeitura do Recife elabore um manual de uso e manutenção da edificação, voltado para os moradores do conjunto habitacional. Segundo o promotor de Justiça, ainda não foi feita regularização fundiária no Casarão do Cordeiro, com a entrega dos títulos de propriedade aos moradores e, por esse motivo, o município é o responsável pela manutenção e recuperação dos prédios. Cabe ao município concluir o processo, a fim de permitir que os moradores do habitacional constituam um condomínio, que será o responsável por adotar as ações de conservação, com base no manual.

“É premente a necessidade de se eliminar os riscos apontados pela Defesa Civil, tendo em vista que sua não realização imediata afeta significativamente o desempenho, durabilidade e vida útil do projeto da edificação e contribui para instabilidade estrutural do conjunto”, alertou Ricardo Colheo.

O MPPE definiu um prazo de 15 dias para que o município do Recife informe se acata ou não as medidas recomendadas.

Histórico – as patologias estruturais de risco alto foram apontadas em dois relatórios técnicos, de agosto de 2014 e de dezembro de 2016. O Ministério Público também avaliou a situação, por meio dos técnicos da Gerência Ministerial de Arquitetura e Engenharia (GMAE), que analisou os estudos realizados pela Defesa Civil do Recife.

O parecer técnico da GMAE listou e classificou os problemas apontados como vícios construtivos, que devem ser sanados pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB) mediante ação contra o consórcio executor da obra, e vícios de utilização, cuja recuperação cabe diretamente à URB.

A necessidade de ações de recuperação do conjunto habitacional foi tema de uma reunião realizada no dia 27 de março, quando a Procuradoria do Município do Recife solicitou o envio de minuta de termo de ajustamento de conduta, com a relação das ações que deveriam ser tomadas. Porém, após análise do documento, a gestão municipal optou por não firmar o TAC.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
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