Vida Urbana

Recife: uma cidade a ser destravada

O futuro Plano de Mobilidade da capital pernambucana irá trazer diretrizes sobre a logística urbana. É o que mostra a última reportagem da série Cidade Inclusiva

A arrumação de uma casa começa deixando cada coisa em seu devido lugar. É mais ou menos isso que propõe o futuro Plano de Mobilidade do Recife com as diretrizes para uma logística urbana e de circulação viária que ajudará a destravar a cidade. Tirar veículos de grande porte das operações de carga e descarga nas áreas centrais da cidade, principalmente nos bairros históricos, é uma delas. O futuro plano deve propor a médio prazo a retirada da operação do Porto do Recife da área urbana. A circulação de veículos de carga, inclusive contêiners passando pelo bairro histórico é uma cena que não cabe mais na cidade para as pessoas.

Outro fator que vai pesar na recomendação do futuro plano da retirada da operação do Porto é o que já está previsto para a Avenida Norte. Um dos projetos da Prefeitura do Recife é de um corredor de VLT na via. A avenida é hoje estratégica para as operações do Porto por causa da ligação com a BR-101. “A própria cidade irá limitar a capacidade de operação do Porto”, explicou o secretário executivo de Planejamento e Mobilidade do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS), Sideney Schreiner.

Na arrumação da casa, o plano irá avançar em relação ao que existe hoje de carga e descarga. Atualmente há limitação de horário em algumas vias das áreas centrais. O plano vai propor um planejamento dessa logística, que será baseado em uma pesquisa de Origem e Destino de cargas na cidade. Outro ponto é a definição de horários e o tipo de veículo. Empreendimentos de grande porte costumam receber mais de um fornecedor ao mesmo tempo. Na Rua Cosmópolis, por trás do Supermercado Trevo, em Boa Viagem, de dois a três caminhões fazem diariamente as operações de carga e descarga na via. “Pelo plano, os empreendimentos terão que disponibilizar baias para as operações e determinar os horários dos fornecedores para não coincidir vários caminhões ao mesmo tempo”, explicou Sideney Schreiner.

O futuro plano de mobilidade pretende definir os corredores que poderão ser usados para o abastecimento da cidade. “Não é possível fechar todos os acessos, aliás essa é uma tática de guerra para enfraquecer o inimigo. Nós queremos ajudar a fortalecer a economia”, ressaltou o secretário executivo do ICPS. Entre os corredores previstos estão as avenidas Mascarenhas de Morais, Recife e o entorno da BR-101. Já as avenidas Norte e Sul, que hoje funcionam como corredores de carga deverão ser proibidas para este tipo de operação. “A ideia é criar centros de distribuição, a exemplo da Ceasa, em vários pontos da cidade para permitir essa logística. E dependendo da via, essa operação tem que ser feita em carros menores e até mesmo de bicicleta”, disse.

Como é hoje

Lei de carga e descarga

Lei nº 18.133 (sancionada em 2015, mas o decreto ainda não foi publicado)

Determina a proibição da parada, estacionamento e operação de operações de carga e descarga em veículos de 6,50m de comprimento em vias urbanas

O horário e as vias específicas onde a lei irá valer dependem do decreto

Em caso de descumprimento, o condutor do veículo transportador está sujeito a multa por de R$ 127,69 e 5 pontos na CNH

Os responsáveis pela entrega e recebimento, em casos de pessoa jurídica, estão sujeitos a multa no valor de R$ 1,5 mil

A operação de carga e descarga é permitida, na Avenida Boa Viagem, das 5h às 6h e das 17h às 20h

DIRETRIZES DO PLANO

Logística urbana de carga e descarga

Modernização da operação:

Planejamento da logística urbana

Pesquisa de OD de carga

Pesquisa de percepção

Corredores logísticos

Centros de distribuição

Baias de carga de descarga nas vias e prédios

Vagas de carga e descarga em áreas comerciais

Gestão de impactos:

Horários de carga e descarga

Regulamentação de veículos

Zoneamento de grandes empreendimentos

Operação especial em áreas históricas

Logística para os estacionamentos

Fortalecimento do comércio/ serviços:

Expansão da Zona Azul, além da área central

Ajuste do preço e operação da Zona Azul

Regulação do Vallet

Concessão para edifícios garagens

Cidade para as pessoas:

Combate ao estacionamento irregular

Resgate das áreas públicas (ocupadas por carros)

Uso social do edifício garagem (oferta de serviços)

Estrutura de gestão de demanda:

Padrões de operação

Priorizar vaga na via para calçada, rede ciclável e faixa de ônibus

Estacionamento integrado (estações de integração)

Gestão de oferta de vagas por zonas

Licenciamento com ISS específico estacionamento

Fonte: ICPS

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
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