Vida Urbana

Após 27 dias hospitalizado, universitário baleado em Aldeia tem alta médica

Pai da vítima, o médico neurocirurgião e advogado Gláucio Veras, se diz feliz, mas preocupado com a situação de guerra civil não declarada no país

Universitário foi baleado no quilômetro 3,5 da Estrada de Aldeia. Foto: João Velozo/ DP

Na madrugada de hoje, o pai da vítima, o médico neurocirurgião e advogado Gláucio Veras, escreveu, em sua página pessoal no Facebook um relato emocionado e indignado. "Hoje, após 27 dias de internamento, nosso filho retornou a  casa, e se recupera. Está vivo. Estamos felizes por isto. Entretanto, estamos imensamente preocupados e infelizes com a situação em que somos obrigados a viver. Trata-se de um país sem lei nem ordem. Um país que vive uma guerra civil não declarada, e que engana os seus cidadãos com o circo das olimpíadas, enquanto vivemos neste estado de guerra", diz um trecho do relato.

Além da questão da insegurança, o neurocirurgião indignou-se também com a falta de assistência à saúde. "Primeiro existe uma má orientação. Um caso de trauma não deveria ter sido levado para a UPA. Eu e minha mulher, que é enfermeira, chegamos na UPA e encontramos o médico pedindo pelo amor de Deus por uma senha para a ambulância levar meu filho. Arranjamos uma ambulância sem soro e dois colegas da UPA vieram. Uma outra ambulância do 192 simplesmente foi na frente abrindo caminho porque a ambulância que meu filho estava não tinha sirene. Tenho 64 anos, trabalho em hospitais há muitos anos e nunca vi um negócio desse. A gente só ouve falar em Olimpíadas e o país está essa merda. Vou tomar providências", avisou o pai, revoltado.

Violência

Na tarde do dia dois de julho, o idoso Nilton José Dias, de 62 anos de idade, foi morto ao tentar reagir a um assalto em uma farmácia, em Aldeia. Dois homens entraram armados mandando todos se deitarem no chão. A vítima teria tirado uma faca de dentro da bolsa para se defender quando um dos assaltantes disparou no rosto dele. A Pharmaldeia, onde aconteceu o crime, funciona no Km 10 da Estrada de Aldeia e cinco pessoas estavam no local quando tudo aconteceu. O assalto foi por volta das 17h. Após disparar contra a vítima os dois homens fugiram levando R$ 350. O estabelecimento pertence a um sargento reformado da PM e já foi alvo de assaltos outras vezes.

A insegurança sentida pelos moradores, frequentadores e comerciantes de Aldeia motivou uma reunião realizada na noite da terça-feira passada no Clube de Campo da Polícia Militar, no quilômetro seis da Estrada de Aldeia. Mais de cem moradores de Aldeia, entre eles lideranças comunitárias, síndicos de condomínios e empresários locais para cobrar atitudes do poder público foram ao encontro covocado pelo Fórum Socioambiental de Aldeia convocou autoridades de segurança.

A ideia foi expor a situação e reivindicar ações enérgicas e imediatas. Participaram do encontro o secretário-executivo da SDS, Alexandre Lucena; o comandante do 20º Batalhão da Polícia Militar , coronel Eduardo Amorim; o diretor do Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC), coronel Mario Antonio Medeiros Vidal; o secretário de Segurança Cidadã e Mobilidade da Prefeitura de Camaragibe, coronel Meira; o comissário da Polícia Civil Josiel Gomes, representando a delegada de Camaragibe, Josineide Confessor; a representante da Secretaria de Desenvolvimento Social Criança e Juventude do estado de Pernambuco  -  Governo Presente, Maria José de Castro e secretária de Assistência Social da Prefeitura de Camaragibe, Daniele Monteiro.

"Não têm sido poucos os eventos de roubos, violência e desrespeito à vida e à propriedade que vêm acontecendo nesta ainda, digamos assim, pacata parte da Região Metropolitana do Recife. No contexto mais amplo Aldeia ainda pode ser considerado um lugar tranquilo, entretanto em processo acelerado de crescimento que impõe transformações significativas em seu estado de ser e de convivência.  A violência como consequência vem junto. Problemas sociais se agravam e a visibilidade do bairro aumenta", diz o convite do evento.

No dia 10 de julho, um grupo de moradores organizou um ato pacífico para chamar a atenção para o problema do aumento da criminalidade na região. O ato contou com o apoio do Fórum Socioambiental de Aldeia, que agora propõe que o problema seja discutido amplamente.

 

 

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